Cientistas decifram mais antigo DNA indígena nos EUA
Resultados mostram que genes analisados estão presentes nos índios atuais e ajuda a explicar povoamento do continente americano
Essa é a principal conclusão do sequenciamento ("leitura") do genoma do bebê do sexo masculino, o mais antigo de um habitante do continente americano a ser totalmente decifrado. O estudo está na edição desta semana da revista científica "Nature".
As descobertas reforçam a ideia de que, no fim da última Era do Gelo, pioneiros vindos da Sibéria foram os primeiros seres humanos a pisar no continente, mas indicam que essa história ainda está cheia de detalhes complicados e difíceis de interpretar.
Em resumo, o que os pesquisadores fizeram foi comparar as "letras" químicas do DNA do bebê com as de 143 populações do mundo todo, entre elas tribos do Brasil, como os guaranis, caingangues e caritianas. A semelhança com os grupos indígenas atuais foi impressionante, declarou Willerslev em entrevista coletiva por telefone.
O curioso, no entanto, é que apesar de ter sido encontrado em Montana, perto da fronteira americana com o Canadá, o menino parece ter parentesco mais próximo com membros de tribos da América do Sul e Central. "Para ser honesto, acho que ainda não sabemos como explicar isso", afirma Eske Willerslev, da Universidade de Copenhague.
Os dados devem ajudar a sepultar uma hipótese aparentemente maluca, mas que ganhou adeptos entre os arqueólogos americanos: a de que o povo do bebê, membros da chamada cultura Clovis, descenderia de europeus da Idade do Gelo, os quais teriam atravessado o Atlântico para chegar à América do Norte.
Para os defensores da ideia, pistas arqueológicas sugeriam conexões culturais entre o complexo Clovis e os europeus da Idade da Pedra. Com a análise de DNA realizada, ficou bem mais difícil defender essa tese.
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