sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Cérebro percebe emoção humana e humor de cachorro da mesma forma

Cérebro percebe emoção humana e humor de cachorro da mesma forma

Do UOL, em São Paulo

A forma como o ser humano percebe o latido de um cão lhe permite entender que emoção o animal está sentindo, sugere um estudo científico publicado nesta quarta-feira (8) no periódico especializado Biology Letters. A descoberta aponta ainda que o processo que nos permite captar o que um cachorro sente é aplicado da mesma forma para entender situações de natureza humana.

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    Cães processam emoções de forma similar a seres humanos, mostra estudo
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    Cães bocejam para imitar os donos
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    Cachorros se comunicam pelo lado que balançam o rabo
Para chegar à conclusão da pesquisa, foi necessária a participação de 39 pessoas. Esses participantes foram expostos a diversos sons não-verbais, como o de uma mãe rindo com seu bebê, um homem roncando e um cachorro uivando e latindo.
Os voluntários, então, foram questionados acerca dos sons: eram eles positivos ou negativos? E qual era sua intensidade emocional?
A análise fornecida pelos participantes foi interpretada pelos pesquisadores, que detectaram a existência de uma relação entre a forma como os ouvintes classificavam os sons e a acústica desses ruídos.
Dessa forma, os pesquisadores afirmam que sons de duração mais curta (fossem eles de origem humana ou canina) eram tidos como mais positivos do que sons de duração mais longa, e sons mais altos, como mais intensos para ambas as espécies.
Segundo os cientistas envolvidos no estudo, compreender mais sobre esse raciocínio deve possibilitar o avanço e implementação de tecnologias de inteligência artificial em robôs.

Cão e homem: parecidos

Recentemente, uma outra pesquisa já apontou similaridades entre cães e seres humanos.
De acordo com essa segunda pesquisa, que levou dois anos para ser concluída, o cérebro de cachorros processa emoções de forma muito similar à do cérebro de humanos, apontando estrutura e funcionamento bastante parecidos do núcleo caudado —área localizada no centro do cérebro e fundamental em processos de memorização e aprendizado.
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Cinco gastroenterologistas da Dinamarca e do Reino Unido escreveram artigo no qual dizem que soltar gases faz bem para a saúde. No avião, apesar de os passageiros receberem um tratamento ruim por parte dos outros viajantes como resultado de sua decisão pessoal de se aliviar, os benefícios para saúde compensam impactos negativos. Por outro lado, se o piloto segura os gases, pode haver problemas de concentração, que afetariam sua habilidade para conduzir o avião. Contudo, se ele soltar os gases, seu copiloto será afetado pelo odor, o que também reduz a segurança no voo Leia mais Thinkstock

Jornalismo barato - Fábio Seixas

folha de são paulo
Jornalismo barato
Por uma semana, boa parte da imprensa tratou como verdade versões mal contadas do acidente
Três dias após o acidente de Schumacher, Sabine Kehm, sua porta-voz desde sempre, disse que ele só saiu da pista sinalizada de Méribel para ajudar um amigo que havia caído.
"Então ele acertou uma rocha, foi catapultado e, na queda, bateu a cabeça", afirmou.
Caso pensado ou erro na origem da informação da assessora, fato é que a declaração criava um cenário de santificação. Que foi turbinado pelo "Bild", no dia seguinte.
Ao relatar sua "reconstituição" do acidente, o jornal sensacionalista alemão carregou ainda mais nas tintas: escreveu que Schumacher tinha ido ajudar uma criança, filha de um amigo.
O texto é romanceado, rico em detalhes.
"De repente, a filha de um amigo caiu. Schumi ajuda a garota, deixando a área sinalizada por cerca de 20 metros entre as pistas de Biche e Mauduit. Há bandeiras por todos os lados. Será que Schumi não seguiu as instruções? Isso não está claro. O certo é que, entre as 10h50 e as 11h, ele foi atingido pela má sorte. Schumi, que além do capacete usava colete de proteção, acertou uma rocha que estava coberta de neve."
Não foi nada disso, como soubemos na quarta-feira pelos investigadores que analisaram as imagens da câmera no capacete do heptacampeão.
Ele saiu da pista porque quis, porque é um exímio esquiador. E caiu porque acidentes acontecem. Pronto.
Por uma semana, porém, as versões foram tratadas como verdades por boa parte da imprensa. E é sintomático que a primeira tenha sido oficial, e a segunda, oficialesca.
Porque tanto fez. No afã de noticiar alguma coisa, ou qualquer coisa, vários veículos do mundo todo repercutiram (odeio este verbo) o que viram pela frente, sem a menor apuração dos fatos. Junte o "copiar e colar" com o Google Translator e, voilà, eis grande parte do jornalismo que nos atropela, principalmente na internet. Jornalismo barato, em todos os sentidos.
A maior notícia desde o último boletim médico é que, no fundo, não há o que ser noticiado.
Recuperação de acidente neurológico é um processo lentíssimo. E o acidente, como já dito aqui, foi só isso: um acidente.
O apetite por notícias por parte do público, sobretudo dos fãs inveterados, é compreensível. O que não pode ser aceito é a divulgação de fatos absurdos.
Menos mal que boa parte da imprensa já havia deixado o Hospital Universitário de Grenoble quando Corinna pediu sossego. Só agora todos começarão a fazer aquilo que já deveriam ter colocado em prática há dias: esperar uma novidade real.
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O alemão será a grande ausência do Desafio das Estrelas, o evento de kart promovido por Massa, neste final de semana, em Santa Catarina.

    Enjoy sem enjoar! - Barbara Gancia

    folha de são paulo
    Enjoy sem enjoar!
    Pergunte ao Nizan: quando falam de Brasil, até rolezinho no shopping vira rebelião no presídio da Roseana
    Alô, turista que vem ao Brasil em 2014! Não me chamo Ni­zan Guanaes, mas gostaria de lhe dar as boas-vindas e oferecer algumas dicas a fim de tornar sua estada tão mais agradável do que já está programada para ser.
    Assim que seu pezinho tocar o so­lo desta gloriosa potência, a primei­ra coisa que você verá serão fartos seios bronzeados balançando ao vento em meio a exóticos frutos tropicais.
    Bem. Isso é o que o Nizan Guanaes gostaria que acontecesse. Ele torce muito para que a Copa dê certo, sa­be? E se Deus e Oxássa, ou sei lá qual o santo do premiadíssimo pu­blicitário e emérito filantropo (o Nizan é baiano) mentalizarem bas­tante entre 12 de junho e 13 de ju­lho, tenho certeza de que tudo sairá a contento. Não há como errar.
    Mas é provável, caro turista, que logo após sua chegada, a primeira coisa a chamar atenção será uma placa dizendo: "disembarkation". Pois é, o uso do termo "arrival" pa­rece ter sido vetado, foi o que ouvi, em estudo encomendado pela Anac às Organizações Tabajara.
    Não faz mal, logo você irá experi­mentar o calor local. Saiba que é na­tural a não retribuição do seu "obri­gada" ou "bom dia". Somos descontraídos. Está pensando que é à toa sermos os maiores exportadores de sandá­lia de dedo do planeta? Sabe o que se investiu em tecnologia para fa­zer um chinelo que não cheira e não solta as tiras, mané?
    Entre um jogo e outro, você há de querer esticar as pernocas, aliviar a carteira, levar um berimbau para a mamãe, essas coisas "turísticas".
    Cabe alertar, caso o Nizan ainda não o tenha feito, que nós brasilei­ros temos asco de calçada. Tirando dois ou três calçadões à beira-mar, em que gostamos de ser admirados andando, o resto a gente asfaltou. Calçada dá muito trabalho. E não agrega va­lor, entende? Para quem gosta de ir a todo lugar de automóvel, calçada não serve. Ainda mais se você repa­rar, caro gringo, que somos adeptos da arquitetura "peru no pires".
    Pois é. Essa história de Niemeyer, arcos e o escambau é conversa de cartão-postal. Negócio de brasuca é morar em casa que nunca tenha jardim. Gostamos de muro alto e construção, um charme. Jardim para quê, se a gente tem a Amazô­nia inteira para chamar de nossa?
    A Amazônia é um quintalzão e tanto, uma farra, o Nizan não gosta que eu fale disso com gente de fora, mas como é divertido espetar bun­da de índio com vara de pesca, dar estilingada neles com mamona --ui!-- e derrubar mata para plantar ração! Sabe como é, somos o maior país exportador de carne do mun­do. Até boi vivo exportamos. Bicho vai cagando de pé daqui até a China. Nos enche o peito de orgulho.
    Podiam, quem sabe, ser mais compreensivos com nossos lapsos em matéria de conservacionismo. Começamos tarde a separar lixo. Estávamos muito ocupados assis­tindo a novela, percebe? Entre uma distração e outra, esquecemos também de questionar a inviolabi­lidade da urna eletrônica. Apenas achamos o máximo que o resultado das eleições chegue a galope. Assim a coisa se resolve de uma vez, né? Afinal, eu não pedi para votar. Saco.
    Temos também uma questão me­nor com homicídios, latrocínios e acidentes com filhos de turistas ar­gentinos que escorregam por vãos em aeroportos. A fragilidade da in­tegridade física por aqui é só um de­talhe. Veja o Schumacher: não foi esquiar inocentemente e se deu mal? Minha mãe quebrou o maxi­lar comendo uma bolacha água e sal. Coisas ruins acontecem.
    Se fosse na Suíça ninguém falaria. Mas quando é aqui qualquer rolezi­nho no shopping vira rebelião no presídio da Roseana. Eu, hein!
    Olha só, Mr.Tourist: em vez de re­clamar da poluição e do frio, se dê por contente que ninguém pega dengue no inverno. Boa Copa e um 2014 melhor ainda! Brasil, il, il!

    Aulas da USP Leste serão repostas no campus do Butantã

    folha de são paulo
    Aulas da USP Leste serão repostas no campus do Butantã
    Atividades voltam na segunda-feira; locais estão separados por 41 km de distância
    DE SÃO PAULO
    A reposição das aulas do segundo semestre de 2013 dos alunos da USP Leste, em Ermelino Matarazzo, na zona leste da capital paulista, será feita a partir de segunda-feira. O local será o Instituto de Psicologia, no campus do Butantã, na zona oeste.
    Os dois campi estão separados por cerca de 41 quilômetros de distância.
    As dependências da USP Leste estão interditadas desde anteontem por ordem judicial, por causa de contaminação de gás metano --substância tóxica e explosiva.
    De acordo com a instituição, para ter acesso à sala de aula, os universitários precisarão apresentar a carteira da USP na entrada do Instituto de Psicologia.
    ÁGUA E PIOLHOS
    As aulas na unidade Leste começam antes dos demais campi porque ela teve as atividades suspensas no fim do ano passado.
    O local não pode continuar funcionando porque a água apresentou má qualidade e também houve uma infestação de piolhos de pombo na universidade.
    A reposição terá início já com atraso, porque a previsão era para que as aulas tivessem começando na última segunda-feira.
    A data foi adiada para a conclusão da limpeza da USP Leste. Em seguida houve a interdição e, ontem, a instituição decidiu por fazer a reposição no campus do Butantã.
    A universidade estima que a USP Leste atende a um público de aproximadamente 4.000 pessoas, entre alunos, professores e funcionários.
    Em novembro, a Justiça havia dado um prazo, que venceu ontem, para a universidade regularizar a situação do campus da zona leste.
    A USP afirma que possui novos relatórios técnicos que mostram melhora no que diz respeito à contaminação por gás metano.
    Mas a situação judicial ainda não foi resolvida.
    O metano é proveniente da decomposição de material orgânico presente na terra onde foi construído o campus da USP Leste.
    O risco é que o gás fique armazenado em locais fechados da universidade, o que pode causar explosões.

    Doutora, me ajuda! - Eloisa Arruda

    folha de são paulo
    ELOISA ARRUDA
    TENDÊNCIAS/DEBATES
    Doutora, me ajuda!
    Cada história contada por um usuário de crack vem humanizar as estatísticas, que nos alertam para o crescimento do uso no Brasil
    Este mês em que comemoramos um ano de instalação do Plantão Judiciário no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas do Estado de São Paulo (Cratod) instiga-me a fazer algumas reflexões e aguça na minha memória momentos marcantes vivenciados nesse projeto de resgate de pessoas vitimadas pela drogadição e de assistência às suas famílias.
    "Doutora, me ajuda, me ajuda a salvar meu filho! Para ele nada importa mais que a maldita pedra de crack. Eu tenho medo de que ele vire um traficante para poder alimentar o vício. Já não tenho mais forças."
    A voz embargada a mim dirigida era de uma das centenas de mães que recorreram no ano passado ao Plantão Judiciário do Cratod em busca de apoio para tirar seus filhos do mundo degradante da droga, a maioria dependente do crack.
    Cada história contada por um usuário ou por seus familiares é um depósito de dores e vem humanizar as estatísticas, que nos alertam para o crescimento contínuo do crack no Brasil, o maior consumidor mundial dessa droga. Estima-se que haja 370 mil usuários regulares de crack nas capitais brasileiras, e a droga avança a passos largos para as cidades do interior.
    Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela que quase 80% daqueles que caíram no labirinto do crack desejam se tratar. Nesse contexto, o Plantão Judiciário é mais uma porta aberta para que milhares de famílias possam ter uma via de acesso aos seus direitos e tenham o Estado como parceiro.
    Confessamos que a procura nos surpreendeu. No primeiro dia, mais de cem pessoas acessaram o plantão e, desde então, a demanda tem sido ascendente. Sabemos, entretanto, que nem todas as expectativas foram atendidas.
    Lembro-me do caso de uma mulher que, sucumbida pela tristeza, queria que o filho ficasse internado durante um ano quando a recomendação do atendimento era apenas ambulatorial. É a avaliação médica de um clínico e de um psiquiatra, feita após o atendimento pela área social, que define a modalidade do tratamento a ser ministrado.
    Neste primeiro ano do Plantão Judiciário, houve apenas dois casos de internação involuntária e compulsória. Ao todo, foram 26.988 encaminhamentos, sendo que 13.586 pessoas foram atendidas diretamente pelo Cratod. Não temos dúvidas, portanto, de que essa ferramenta impulsionou o programa Recomeço, iniciativa pioneira do governo de São Paulo para ampliar a assistência às famílias que sofrem as consequências da nefasta drogadição.
    Em novembro passado, tivemos um reconhecimento importante com a menção honrosa concedida pelo prêmio Innovare ao Plantão Judiciário. Agradecemos ao Innovare e a todos que nos impulsionam a ir avante nessa jornada árida, entremeada de amargura.
    Asseguramos que as instituições que compõem o sistema de Justiça e o governo de São Paulo vão continuar no firme propósito de acolher, orientar e assistir os dependentes químicos e as suas famílias que clamam por ajuda.
    Reconhecemos, contudo, que ainda há muito a ser feito. O enfrentamento a essa droga devastadora passa por um conjunto complexo de ações que envolvem as áreas de saúde, assistência social, Justiça e segurança pública. Somente essa teia de interação pode resultar em êxito.
    Façamos revigorar neste ano novo a nossa luta contra o crack. Para todos que estão empenhados nesse propósito, trazemos uma semente de esperança ao reproduzir aqui a fala de um rapaz que tem a idade do meu filho e, como ele, é corintiano.
    Sozinho, desamparado e desesperado, o jovem dependente do crack nos procurou no plantão do Cratod e disse: "Conto com vocês para não desistir e não voltar a cair". Ele contou conosco, não desistiu e não haverá de cair de novo.

    Imagens do horror - Marina Silva

    folha de são paulo
    Imagens do horror
    O que os olhos não veem, o coração não sente. Seguindo o dito popular, o Brasil pretendeu não sentir a dor que acumulava em suas penitenciárias. Hoje a realidade salta aos olhos em contraste com a Copa do Mundo e outros eventos em que o país se expõe na vitrine internacional.
    São cerca de 550 mil presos, grande parte em condições terríveis: amontoados, sob temperaturas que superam os 50 graus, sem água e circulação de ar, entre fezes e ratos. O ministro da Justiça, em novembro de 2012, disse que preferia morrer a cumprir pena em lugares assim. Já era titular da pasta há dois anos. Outro ano se passou desde aquela afirmação pública corajosa, mas preocupante, por não ser acompanhada de ações correspondentes à magnitude do drama. As prisões continuam sendo "sucursais do inferno" e "escolas do crime", expressões da falência do sistema.
    Agora novas crises nos Estados mobilizam a opinião pública e a dramaturgia política repete a cena já conhecida: o governo se cala, a oposição grita. Será porque a crise mais evidente está no Maranhão, dirigido por aliados incômodos de uns e adversários cômodos de outros?
    Não podemos deixar que se naturalize a insensibilidade na visão de que o Maranhão é assim mesmo e não tem jeito. De fato, o drama local é antigo. Circula na internet o filme de Glauber Rocha feito na posse de José Sarney como governador em 1966. Criticado na época, o genial cineasta é hoje saudado pelo contraste entre as imagens duras da realidade social e um discurso desprovido de ação efetiva para mudar a realidade, que só se agrava 50 anos depois.
    Mas não é só no Maranhão, e as responsabilidades envolvem Estados e União, Exe- cutivo e Judiciário --e também o Legislativo, cuja função é fiscalizar.
    A população carcerária cresce rapidamente: em 20 anos passou de 140 mil presos para mais de meio milhão. A maioria é pobre e tem baixa escolaridade, 65% são negros. Tuberculose e outras doenças contagiosas, inclusive sexualmente transmissíveis, afetam mais da metade.
    Dois terços cumprem pena por crimes contra o patrimônio ou tráfico de drogas; cerca de 12%, por homicídios. Essa é uma grande distorção. Cerca de 50 mil pessoas são assassinadas por ano no Brasil e apenas 8% dos casos são investigados com êxito. Gastamos R$ 1.500 por mês para enjaular as pessoas e devolvê-las piores à sociedade.
    As conclusões são óbvias: é preciso transformar o sistema de segurança e Justiça criminal em seu conjunto, não basta repassar verbas e jogar água no mesmo moinho.
    E atenção: esgotou-se o tempo das platitudes. A tarefa requer a ousadia e a urgência de um pacto nacional.

    Helio Schwartsman

    folha de são paulo
    Crise no Maranhão
    SÃO PAULO - A barbárie prisional no Maranhão justifica uma intervenção federal com vistas a salvaguardar os direitos humanos, nos termos do artigo 34, VII, da Constituição? A questão é capciosa e toca nos fundamentos da democracia.
    O primeiro problema que vejo num eventual pedido de intervenção, que teria de ser apresentado pelo procurador-geral da República e julgado pelo STF, seria limitá-lo ao Maranhão. É verdade que o que está acontecendo no complexo penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, causa revolta e extrapola as mais elementares noções de civilidade. Acho difícil, porém, sustentar que o caso maranhense difira do de outras unidades federativas senão por uma questão de grau --não de natureza.
    Não há hermenêutica jurídica que faça uma pessoa sã declarar que a situação dos direitos humanos nas cadeias dos outros Estados é pelo menos adequada. E, neste caso, caberia perguntar por que só o Maranhão. Por que não intervir também em SP, RJ e MG, de modo a assegurar que as garantias concedidas aos presos pela Lei de Execuções Penais --que incluem celas individuais de pelo menos 6 m2-- sejam cumpridas?
    Fazê-lo seria uma medida de inestimável valor civilizatório. Não creio, porém, que a atitude seria bem recebida pelas autoridades econômicas e pela população, que já se queixa do auxílio-reclusão destinado a manter viva a família do presidiário.
    Voltando ao Maranhão, creio que faria mais sentido pedir a intervenção com base no conjunto da obra, isto é, da péssima qualidade de seus indicadores sociais, uma questão de direitos humanos ainda mais ampla. Só que isso representaria uma violência contra as escolhas dos eleitores maranhenses, que há décadas elegem o clã Sarney. A verdade é que a democracia, embora seja o melhor regime por nós experimentado, implica um monte de problemas, que incluem a criação de castas políticas não necessariamente competentes.
    helio@uol.com.br

      Ruy Castro

      folha de são paulo
      Luxos de verão
      RIO DE JANEIRO - Para fascínio do noticiário, o Rio está passando por temperaturas de 40 graus, com "sensação térmica" de 50. "Sensação térmica" é qualquer coisa 10 graus acima dos termômetros de rua, os quais marcam, cada um, uma temperatura diferente. Enquanto isso, Nova York está a 15 graus abaixo de zero, com "sensação térmica" de 25 abaixo, ideal para trincar narizes e orelhas. O frio de Nova York é multiplicado pelo vento, que varre as ruas, dobra esquinas e penetra pelas fechaduras.
      Em janeiro de 1974, conheci o pior dos dois mundos. Saí do antigo Galeão, onde a temperatura devia estar beirando os 50 graus, e, dez horas depois, desembarquei em Nova York a 10 abaixo de zero --uma diferença de 60 graus. E, como bom brasileiro, protegido por um casaco, suéter e cachecol, tudo da Ducal, ou seja, nu. Aprendi a diferença: no extremo calor, a sensação é a de estar morrendo aos poucos; no extremo frio, é a de já estar morto.
      Mas ninguém morre de calor no Rio. Para quem pode se dar ao luxo, há as praias (inclusive à noite), a brisa do mar, o ar das montanhas e florestas e os vários parques públicos, além de bairros excepcionalmente frescos, como o Alto da Boa Vista, o Horto, as Paineiras. Nestas, por sinal, toma-se banho de cachoeira --a 10 minutos de carro de Ipanema. E, para quem não pode dar-se ao luxo, resta o ar-condicionado dos escritórios, lojas, táxis e residências. Os aparelhos estão por toda parte.
      Bem ou mal, somos equipados para o calor. Ao contrário de Paris, onde, em julho e agosto, idosos morrem sozinhos, às dezenas, em seus cubículos fechados, asfixiados por roupas de lã, desidratados e sem atendimento, porque os médicos saem em massa da cidade.
      E, como se não bastasse, no Rio, este ano, estamos assistindo à volta do leque, nas mãos de lindas mulheres nas sorveterias.

        Monica Bergamo

        folha de são paulo

        Crescimento na produção nacional para TV paga pega Ancine despreparada

        Ouvir o texto

        A explosão de produções nacionais para a TV paga pegou a Ancine (Agência Nacional de Cinema) sem estrutura suficiente para dar conta das demandas do mercado aquecido. Com a lei que desde 2012 obriga os canais a exibir 3h30 de conteúdo nacional por semana, a agência emitiu 1.439 Certificados de Registro de Títulos —necessários para exibição de séries, filmes e documentários— no primeiro semestre do ano passado. É quatro vezes e meio mais do que o emitido no mesmo período de 2012 (261).
        PRODUÇÃO MÁXIMA 2
        Para responder à demanda crescente, a Ancine aguarda a chegada de 69 funcionários recém-aprovados em concurso público de nível superior, elevando para 333 seu número de servidores. A posse do primeiro grupo está prevista para fevereiro. "A agência foi pensada para a indústria do cinema, que não se compara à da TV em termos de volume de produção", diz Mauro Garcia, diretor-executivo da Associação Brasileira das Produtoras Independentes de TV.
        PRODUÇÃO MÁXIMA 3
        Para Garcia, além da ampliação do quadro de funcionários, a criação de uma estrutura interna específica dedicada à TV, anunciada no fim do ano passado, deve dar mais agilidade. "A montagem das grades dos canais a cabo é anual. Se os projetos não são aprovados com agilidade, eles caducam."
        GUERRILHA
        Marta Suplicy ficou satisfeita por ter conseguido liberar R$ 400 milhões dos mais de R$ 1 bilhão que havia em caixa do Fundo Setorial do Audiovisual. "Foi uma batalha difícil em meio a ajuste fiscal", diz a ministra, sobre os recursos anunciados no apagar das luzes do fechamento das contas públicas de 2013. E credita a vitória ao empenho do presidente da Ancine, Manoel Rangel. "Ele foi guerreiro."
        Eduardo Knapp/Folhapress
        IMAGINA NA COPA
        A Copa de 2014 está bombando na caixa de e-mails da designer Serpui Marie. Além de pedidos de suas bolsas, carteiras e acessórios, a brasileira precisa responder aos insistentes pedidos de compradores internacionais interessados em assistir aos jogos.
        *
        "Todos querem vir. Os japoneses são os mais entusiasmados", relata Serpui, que dispõe de cota limitada de convites para estrangeiros no lounge da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) nas arenas da Copa.
        *
        O Mundial inspirou coleção com imagens de araras, tucanos, bolas de futebol e paisagens do Rio (no detalhe). A designer se surpreendeu com o fato de o tema fazer mais sucesso no exterior do que aqui.
        FILÉ MIGNON
        Tony Ramos vai continuar perguntando na TV se a carne é Friboi. O "recall" (lembrança) da marca de frigoríficos chegou a 45% após a campanha protagonizada pelo ator. Segundo Joesley Batista, presidente do conselho de administração do grupo JBS, o resultado foi "bárbaro". "Ele é um fenômeno. Vamos com ele de novo."
        TUDO VERDE
        O ex-piloto Pedro Paulo Diniz, que hoje se dedica à agricultura orgânica em sua fazenda no interior de SP, está otimista com o crescimento do mercado. "Estamos desenvolvendo tecnologia para produzir um orgânico melhor e mais acessível." Ele produz leite, ovos e seis tipos de frutas em 1.000 ha certificados.
        LEGALIZE
        Marcelo D2 fará uma espécie de quermesse em que a maconha será tema de duas barracas, na inauguração da casa de shows Audio Club SP, onde toca em 31 de janeiro e 1º de fevereiro. "Barraca da larica", com doces e comidas, e "acerte o baseado na boca do D2", uma versão do jogo boca do palhaço, são algumas das atrações do evento. O músico foi preso em 1997 por fazer apologia da droga.
        Ê, SÃO PAULO
        Lucas Santtana e Jards Macalé repetem no aniversário da capital, no dia 25, parceria que fizeram em Frankfurt, em agosto, no Ano do Brasil na Alemanha. O show "Encontro de Gerações", promovido pelo Cultura Livre SP, será no parque Villa-Lobos, às 16h.

        Festa Cio Welcome 2014

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        Bruno Poletti/Folhapress
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        O apresentador Rica Benozatti esteve na festa Cio Welcome 2014, realizada na casa noturna Lions, na quarta (9)
        FESTA DE BOAS VINDAS
        O apresentador Rica Benozzati e o promotor de eventos Fábio Queiroz foram anteontem à festa Cio Welcome 2014, na casa noturna Lions. A artista plástica Tatiany Tenório, a gerente comercial Tatiana Monteiro e a administradora Cintia Campos também estiveram no evento, na região central.
        CURTO-CIRCUITO
        A banda Mustache & Os Apaches faz show hoje, às 21h30, no auditório do MIS. Classificação: 14 anos.
        O Sebrae-SP e a Associação Comercial de SP levam 126 empreendedores para a NRF Retail's Big Show, feira varejista que começa amanhã em Nova York.
        Luiza Junqueira comemora aniversário hoje com jantar em Angra dos Reis, no Iate Clube de Santos.
        mônica bergamo
        Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

        José Simão

        folha de sã paulo
        Ueba! Presídio Pedrinhas Sarney!
        Sabe como o Sarney chama o Maranhão? MYranhão! E o apelido da família Sarney? Morimbundos de Fogo!
        Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E atenção! Com o Carnaval, Páscoa, Copa e eleições, 2014 só vai entrar em 2015!
        E o Maranhão? E eu sei como botar ordem nos presídios do Maranhão! É só o Sarney ir lá e ameaçar ler um livro dele! Aí já é crueldade. Na Constituição de 88 tá escrito que é proibida a tortura! A grande ameaça seria ler "Marimbondos de Fogo"! Aliás, sabe qual é o apelido do Sarney? O Morimbundo de Fogo!
        E tá todo mundo falando mal da Roseana porque ela licitou 80 kg de lagosta. Mas a Roseana é fofa: as lagostas são para as quentinhas! Arroz cru, feijão azedo e uma lagosta por cima! Quentinha Roseana Gourmet! Rarará!
        E o nome do presídio: Pedrinhas. Esse Pedrinhas deve ser parente do Sarney. Presídio Pedrinhas Sarney! Tudo no Maranhão leva o nome Sarney! O Maranhão tem 26 maternidades com nome Sarney. Também, pra nascer aquela parentada toda! Rarará!
        E pedir informação em São Luís: pega a avenida José Sarney, passa pela ponte Roseana Sarney, dobra na maternidade Kiola Sarney e vira à direita na escola Marly Sarney!
        E sabe como o Sarney chama o Maranhão? MYranhão! E sabe qual o apelido da família Sarney? Morimbundos de Fogo! Rarará!
        E eu tenho uma foto da Roseana em que pintaram um bigode nela. Rarará! E a sigla do Maranhão, MA, quer dizer Me Ajude! Rarará!
        Aliás, o Sarney sobreviveria em qualquer presídio do Maranhão. Ele é imortal! Rarará! Ele parece aquele general bigodudo do filme "Frozen", da Disney. Em vez de cuidar dos presídios, ele foi pro baile do Frozen! Rarará! E em presídio brasileiro ou você vira bandido ou evangélico. Ou os dois, de preferência! Rarará! E presídio de segurança máxima se chama segurança máxima porque nem a polícia entra!
        É mole? É mole, mas sobe!
        Os Predestinados! Diretor do Departamento Penitenciário do Paraná: Cezinando PAREDES! Eu mudaria para Grades! Cezinando Grades! Ou Serrando Grades!
        E o nome do assessor jurídico da Pastoral Carcerária: José de JESUS Filho! E sabe como se chama o presídio de Caxias do Sul? APANHADOR! Presos apanham em Apanhador! E tinha aquela diretora do presídio de Piracicaba: Vilma METTIFOGO! Rarará!
        Nóis sofre, mas nóis goza!
        Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!