sábado, 21 de dezembro de 2013

Alexandre Vidal Porto

folha de são paulo

Presente de Natal

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Cresci com a imagem de que, na Índia, as pessoas eram pacíficas e tolerantes. Um país de gurus, com povo espiritualizado, que não matava vacas nem cometia crimes. Provavelmente, compus esse estereótipo por causa de Gandhi, dos iogues e do retiro indiano dos Beatles.
Foi só no final da adolescência que me dei conta de que a Índia era um país mais complexo que isso. A Índia –a exemplo de várias outras democracias, como a nossa própria– é cenário de graves violações de direitos humanos. A situação da mulher é difícil, e o antigo sistema de castas cria dificuldades adicionais. Embora tenha havido algum progresso, na semana passada a Índia retrocedeu feiamente.
A Suprema Corte Indiana criminalizou os atos homossexuais no país. Simples assim. Não se sabe quanto tempo essa decisão judicial levará para ser revertida. Sem dúvida, será. Mas, em um país como a Índia, é esdrúxulo e preocupante que se tome uma decisão como essa, que torna ilegal um direito individual tão básico como a expressão física do amor e do sentimento.
Há alguns meses, a Rússia tinha feito coisa análoga, ao proibir a expressão da homossexualidade. Autoridades, artistas e atletas de vários países comprometidos com a proteção dos direitos humanos manifestaram-se contra a medida.
Apesar dos protestos, a repressão continua. Para quem quiser vê-la, há, na internet, uma extensa coleção de imagens de homossexuais russos sendo brutalizados.
Nesta semana, o Brasil se aproximou dessa turma. Nosso Congresso inviabilizou o exame do PLC 122, projeto que criminalizava a homofobia. A base governista, que enche a boca para falar de democracia, ficou do lado do fundamentalismo religioso. Deixou os gays à míngua.
O nível de qualidade de uma democracia está vinculado à proteção dos direitos das minorias. Democracia só é boa quando respeita quem é diferente.
Ao longo da história, os homossexuais estiveram entre os grupos mais vulneráveis aos crimes de ódio. Foi assim na Inquisição espanhola e na Alemanha nazista, que, juntas, mandaram para as fogueiras e campos de concentração centenas de milhares de homossexuais.
Se quisermos ter uma democracia de verdade, os direitos dos LGBT devem ser garantidos e ampliados. A intolerância contra as minorias sexuais com base em argumentos religiosos é totalitária. O homossexual e o religioso têm igual direito a respeito e proteção. A defesa de princípios religiosos pode constituir doutrina de fé, mas não ataque ou discurso de ódio. Nos países em que a proteção aos homossexuais mais progrediu, o ativismo contou com apoio claro de seus presidentes.
Nelson Mandela, Cristina Kirchner e Barack Obama, entre outros, embora sujeitos a pressões políticas fundamentalistas e ao escrutínio das urnas, tiveram a grandeza e a coragem de emprestar apoio pessoal a uma minoria que, injusta e ilegalmente, sofre violência física e psicológica todos os dias. Como brasileiro, eu gostaria que minha presidenta fizesse o mesmo.
Seria um bom presente de Natal.
ALEXANDRE VIDAL PORTO é escritor e diplomata. Este artigo reflete apenas as opiniões do autor.

Uganda punirá gays com prisão perpétua

folha de são paulo
Uganda punirá gays com prisão perpétua
Minissaias também são banidas no país
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIASO Parlamento de Uganda aprovou ontem uma lei que pune alguns atos homossexuais com prisão perpétua. A lei prevê punições a atos de "homossexualidade com agravantes" nos quais se enquadram estupros, relações homossexuais com menores e incapacitados ou quando o acusado é soropositivo.
O projeto proposto ao Parlamento em 2009 previa inicialmente a pena de morte para alguns atos homossexuais. A revisão do texto suprimiu a pena de morte e agora seguirá para a sanção do presidente Yoweri Museveni.
A homossexualidade já era proibida em Uganda, mas a nova lei também bane a "promoção" de direitos dos gays e pune quem "financia", "patrocina" ou "estimula" a homossexualidade.
O deputado David Bahati, autor do projeto, afirmou que o "voto contra o demônio é uma vitória para Uganda". "Estou feliz de que o Parlamento tenha votado contra o mal", disse.
O projeto estava parado devido às críticas recebidas na comunidade internacional o que levou à resistência do Executivo, que não queria criar desavenças com doadores ocidentais. O presidente dos EUA, Barack Obama, chamou o projeto de "odioso".
No entanto, o Parlamento também estava sob pressão das igrejas evangélicas para aprovar a lei.
"Estou oficialmente na ilegalidade", declarou após a votação o militante homossexual Frank Mugisha.
A homossexualidade é ilegal em 37 dos 54 países do continente africano.
MINISSAIA
Os parlamentares também aprovaram um projeto de lei controverso que proíbe o uso de minissaias no país. A legislação antipornografia, proíbe ainda conteúdos notoriamente sexuais em músicas e vídeos.
A nova legislação quer banir materiais que mostram seios, coxas e nádegas ou que mostrem qualquer comportamento erótico que possa causar excitação sexual.
Se a nova lei for sancionada pelo presidente deverá prejudicar principalmente os tabloides do país.

    Personagem secundário da história é tema de Lucchesi - EVANDO NASCIMENTO

    folha de são paulo
    CRÍTICA ROMANCE
    ESPECIAL PARA A FOLHA"O Bibliotecário do Imperador" resgata a biografia de um personagem secundário da história do Brasil, Inácio Raposo, que morreu atropelado por trem no Rio de Janeiro, no ano seguinte ao da Proclamação da República, em 12 de maio de 1890.
    Não sobraram muitos vestígios da vida daquele que continuou sendo o fiel guardião da biblioteca de dom Pedro 2º quando este já se encontrava exilado.
    Por esse motivo, o livro de Marco Lucchesi se transforma num romance policial que busca lançar luz sobre a figura do protagonista, investigando as razões da morte.
    A narrativa é conduzida por um duplo do autor, tirando proveito do fato de o próprio Lucchesi ser um grande frequentador da Biblioteca Nacional, onde já organizou exposições a partir do acervo.
    Está-se diante de um espaço ficcional inspirado em Jorge Luis Borges. Tal como no conto "A Biblioteca de Babel" do escritor argentino, o próprio universo parece se converter numa vasta biblioteca, onde o leitor-investigador Lucchesi ama se perder.
    E, para uma figura marginal como Inácio Raposo, nada mais adequado do que um relato a partir das margens. Diz o narrador: "Pensava num romance de realidades reflexas, fora do centro e da moldura".
    Como já se percebe pela orelha escrita por Alberto Mussa, é impossível resumir a novela sem que se perca a força da trama e sem que se revele o mistério do atropelamento.
    Misturando de modo refinado elementos da arte de Poe, Machado, Pirandello e, sobretudo, Borges, o autor se alinha a um grupo de escritores que fazem crer que tudo existe para acabar em livro.
    Após um século de ficções borgianas, não seria o momento de encontrar o fio narrativo que possa levar para fora das estantes labirínticas da biblioteca-universo?
    O BILIOTECÁRIO DO IMPERADOR
    AUTOR Marco Lucchesi
    EDITORA Biblioteca Azul
    QUANTO R$ 29,90 (112 págs.)
    AVALIAÇÃO ótimo

      Autor faz bom retrato cômico da humanidade - Alcir Pécora

      folha de são paulo
      CRÍTICA ROMANCE
      Autor faz bom retrato cômico da humanidade
      'A Cidade, o Inquisidor e os Ordinários', de Carlos de Brito e Mello, usa farsa como opção inteligente ao romanesco
      O andamento narrativo opera por redundância e acumulação até que os papéis entrem em colapso
      ALCIR PÉCORAESPECIAL PARA A FOLHAEm "A Cidade, o Inquisidor e os Ordinários", novo livro do escritor mineiro Carlos de Brito e Mello, boa parte da graça está em acertar a leitura com o gênero encenado por ele: a farsa.
      No seu modelo medieval mais conhecido, a farsa é uma composição teatral breve, cômica, usada para preencher os intervalos das representações sacras nas festas religiosas. Daí o nome "farsa", do latim "farcire", isto é, "encher", "rechear".
      Como aqui não se trata de teatro e tampouco de preencher o intervalo de uma função religiosa, a forma apresenta-se como alternativa inteligente à construção romanesca e, ademais, como recurso para um andamento narrativo prioritariamente conduzido pelo caráter bufão e caricato de personagens e situações bem circunscritas.
      No caso, o enredo se dá em torno das ações de um autoproclamado Inquisidor de uma cidade grande,mas não moderna, nem interessante, cujas pistas mais óbvias referem Belo Horizonte, mas potencialmente servem a qualquer outra localidade.
      SEM DEUS
      Perdida a fé em Deus e na grandeza humana, o Inquisidor cuida de fazer dependurar, à vista de todos, o corpanzil sem asseio da gente "abnorme", vale dizer, aquela que já perdeu o sentido das regras do convívio social, enfronhando-se em casa, num processo lento e implacável de apatia e desdém por si e pelo mundo.
      Num mundo católico, tratar-se-ia do pecado da acídia, mas na urbe do Inquisidor já não há traços da Providência.
      Talvez se pudesse falar em depressão ou bipolaridade epidêmicas, não fosse a farsa favorecer a ridicularização da matéria, que penaliza a vista com as feiuras e os desmazelos do corpo, ainda que certamente extensivos ao espírito.
      Por meio dessa cena básica, acentua-se não propriamente a servidão voluntária dos habitantes ao Inquisidor, pois a vontade já está perdida, mas sim a mansidão disposta ao castigo, o alívio pela autoridade que se impõe na anomia, o vestígio de força dos estereótipos.
      O andamento narrativo, muito afrouxado pelos verbos no presente (e não no pretérito perfeito), opera por redundância e acumulação até o ponto em que os papéis entram em colapso e insinuam mudanças tímidas.
      Menos mudanças que alternância de papéis: quem pune agora apanha; quem é amado agora dispensa o amor; quem sussurra disfarçado agora fala abertamente; algum dependurado mudo quer berrar etc.
      SEM SAÍDA
      A amplificação ridícula e o nonsense de uma forma de vida coletiva definitivamente esgarçada, que oscila entre a nostalgia alucinada da ordem (sem qualquer fundamento real) e o abandono à extinção (desde que não dê nenhum trabalho), enquadra a farsa e não permite vislumbrar saída.
      Aqui, entretanto, o melhor para o romance seria resistir à tentação alegórica a que se entregam contracapa e orelha ("retrato da subserviência de muitos diante do poder", "desmoronamento da sociedade em nome da vigilância", "a moral e os bons costumes estão satirizados").
      Não é a lição moral genérica e denuncista que torna original o romance, mas, antes, a literalidade do retrato cômico que fere o ridículo.
      A CIDADE, O INQUISIDOR E OS ORDINÁRIOS
      AUTOR Carlos de Brito e Mello
      EDITORA Companhia das Letras
      QUANTO R$ 49,50 (472 págs.)
      AVALIAÇÃO ótimo

        Xico Sá

        folha de são paulo
        O cego com ingresso
        Gostemos, pelo menos neste fim de ano, mais das nossas mulheres do que dos futebolismos
        Amigo torcedor, amigo secador, o homem não passa de um cego que paga ingresso. Assim é a vida, confesso. Repare nos fanáticos pelo Fluminense, não conseguem entender que seria melhor se fosse de outro jeito. Até Nelson Rodrigues confessa: estamos errados por estar certos.
        Ele sabe que, pelo conjunto da obra, o Flu se equivoca. O tio Nelson sabe que a derrota pode trazer coisas bonitas. Difícil e errado é fazer como o infeliz vizinho carioca que grita na Miguel Lemos, Copacabana: "Time grande não cai, caraca!"
        Azar dos torcedores do Flu que só conhecem a derrota entapetada. Nunca souberam que viver é beijar o rés-do-chão e viver de verdade.
        Não sabem, assim como os atleticanos, que a vida passa do ponto, para lá de Marrakech, essas enganações. Donde digo, com muita vontade: gostemos, pelo menos neste fim de ano, mais das mulheres que dos futebolismos. No que repito uma assuntada crônica sobre o assunto.
        O que aconteceria se o homem, aqui vale o homem normal, a média dos homens --aquele cara simples, tarado por mulher, cerveja e futebol-- gostasse tanto da sua amada como gosta do seu time do peito?
        Seria uma revolução. Mudaria tudo. Tudo mesmo. Repare:
        Para começar, o macho jamais deixaria a sua fêmea. Nunca, never. Homem que é homem muda de sexo, mas não muda de time. Mesmo quando ela se sentisse a pior das criaturas, por baixo mesmo, mesmo quando ela blasfemasse aos céus e se queixasse ao espelho que estava gorda e a autoestima despencara.
        Se o homem gostasse da mulher pelo menos 50% como ama o seu time, nem bola nas costas, uma traição, como uma derrota incompreensível, seria motivo para o fim do relacionamento. No futebol, assim como no amor, tudo seria perdoável.
        Se o macho gostasse da cria da sua costela como quem aprecia um Flu, um Fla, um São Paulo, um Peixe, um Palmeiras, um Bahia, um Santa Cruz, um Galo, um Grêmio, arranjaria tempo para ir com ela ao cinema ou jantar fora duas vezes por semana --no mínimo empataria com o tempo dedicado ao clube.
        Apreciasse sua mulher como é chegado ao futebol, o sujeito trocaria pelo menos uma mesa-redonda na TV por uma conversa com a dama. Em vez da crise no Vasco, tentaria entender a derrota que virou seu casamento.
        Se o Cruzeiro anda tão bem, brilha na dianteira do firmamento, por que não melhorar também, amigo, a posição na tabela no jogo em casa? Deixar tudo mais celeste, o amor azulzinho em um céu de brigadeiro?
        Não sejamos exagerados. Bastaria dedicar 30% do que se devota ao time do peito. Teríamos uma mudança radical na vida dos casais.
        Feliz ano a todos, vou tentar aqui uma prosódia. Tipo como vos amo. Aqui me despeço e só volto em 2014, ano da Copa do Mundo e de minhas besteirinhas aldeotas.

          José Simão

          folha de são paulo
          Ueba! Mamãe Noel Sapeca!
          E olha esse anúncio: 'Peru Desesperado! Procuro fantasia de cachorro beagle para usar no Natal'
          Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Atenção! Vai viajar nesse fim de ano? O Fluminense lançou uma companhia aérea: FLYMINENSE!. O avião mais seguro do mundo! Não cai nunca! E os aeroportos? A greve está suspensa. Mas os atrasos estão mantidos! Rarará!
          E olha esse anúncio: "Peru Desesperado! Procuro fantasia de cachorro beagle para usar no Natal. URGENTE!". Aí o peru se fantasia de beagle e a Luisa Mell resgata ele do forno!
          E acabo de receber o melhor kit de Natal: um CD do Luan Santana mais um litro de álcool, mais uma caixa de fósforos. BUM! Kit bomba! Kit Al Qaeda!
          E adorei a charge do Marco Aurélio com os três Reis Magos: "Belchior, quem veio no lugar do Baltazar?". "O Barbosa!" O Barbosa, não! Tadinho do menino Jesus! Rarará! E como todo ano, o meu cartão de Natal pro Bolsonaro: "Meus votos são para que você nunca mais tenha votos".
          E as retrospectivas? Ver tudo aquilo de novo? "Retrospectiva 2013! Só engordei!". Não é sempre assim? O que aconteceu em 2013? ENGORDEI! Rarará! "Retrospectiva 2013! ESQUECI!". É melhor esquecer mesmo! E a retrospectiva do chargista Luscar: "2013! Melhor deixar quieto". Isso! "Retrospectiva 2013! Melhor Deixar Quieto!".
          Detesto retrospectiva! Retrospectiva é olhar a vida pelo retrovisor do carro! 2013 foi o ano do P: Protesto, Paulista, Propina, Papuda e Putaria! E foi o ano em que as bibas mandaram recados pro Feliciano: "Feliciano, quem foi o boy que partiu teu coração?". "Feliciano, não me cure, eu não tenho roupa pra ser hétero". Rarará!
          Foi o ano do Gigante. O Gigante acordou e quebrou tudo! Os Black Brócolis! Foi o ano do spray de pimenta. E do antídoto: o vinagre. Foi o ano do Libertê, Egalitê, Vinagrê e Beyoncê! Rarará!
          Foi o ano em que a avenida Paulista virou fetiche! Bastava juntar dez pessoas que já gritavam: "Vamos pra Paulista! Vamos pra Paulista".
          E olha a fantasia de Mamãe Noel que eu achei num site erótico: "Mamãe Noel Pimenta Quente: um gorro, uma calcinha fio dental ou você prefere aquele velho barbudo?". Rarará! E o cartaz na padaria do bairro: "Nesse ano, deixe o seu peru em nossas mãos". Deixo ou não deixo? Rarará!
          Nóis sofre, mas nóis goza!
          Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

          A usina de Belo Monte é boa para o Brasil? Tomasquim e Villas-Bôas respondem

          folha de são paulo
          MAURICIO TOLMASQUIM
          TENDÊNCIAS/DEBATES
          A usina de Belo Monte é boa para o Brasil?
          SIM
          Em busca do equilíbrio
          O Brasil possui o terceiro maior potencial hidrelétrico do mundo, depois da China e da Rússia.
          Diferentemente de Alemanha, Japão e Estados Unidos, que praticamente já aproveitaram todos os seus recursos, quase dois terços do potencial brasileiro ainda estão intocados, grande parte na Amazônia.
          A exploração sustentável da Amazônia e a preservação de sua tão rica biodiversidade, um dos maiores patrimônios naturais da humanidade, impõem-se. Conservar o bioma amazônico e empreender seu uso sustentável não são absolutamente incompatíveis.
          Pelo contrário. Belo Monte e outras usinas hidrelétricas podem sim ser vetor da preservação e do uso sustentável da floresta, com a inclusão social das populações que vivem em condições precárias, sem acesso a serviços públicos básicos.
          O consumo per capita de energia no país ainda é muito baixo. Hoje, cada brasileiro consome cerca de 14% em comparação com o norte-americano, ou 30% em relação ao europeu. A incorporação de contingentes da população que até então não tinham acesso a bens e serviços básicos fará aumentar em 50% esse consumo em dez anos.
          Para atender a demanda, será necessária expansão considerável da oferta de energia, mesmo que se promova a eficiência energética. O país não pode abrir mão de uma fonte renovável e barata como a hidrelétrica. Se, por hipótese, fossem implantadas todas as hidrelétricas que constituem o potencial da Amazônia, o somatório de seus reservatórios ocuparia menos de 0,5% de sua área total. Apenas para efeito de comparação, terras indígenas representam 24% e as unidades de conservação 27%. O reservatório da usina de Belo Monte ocupará uma área de 503 km² --apenas 0,01% da Amazônia.
          Com potência de 11.233 MW, está entre os projetos com menor relação entre área do espelho d'água e potência instalada. Devido às características do rio Xingu e em razão da ausência de regulação a montante, a energia média de Belo Monte é inferior ao seu potencial passível de ser explorado. Ainda assim é suficiente para atender o consumo de 60 milhões de pessoas.
          Modernamente, a implantação de projetos hidrelétricos se faz mediante uma série de condicionantes socioambientais, que se traduzem em investimentos para preservação ambiental, recuperação de matas ciliares, infraestrutura, saneamento básico e abastecimento de água, saúde e educação.
          Para além dos R$ 3,2 bilhões relativos aos condicionantes, os municípios da região de Altamira e o Estado do Pará receberão, ao longo do prazo de concessão de Belo Monte, cerca de R$ 5 bilhões a título de compensação financeira.
          Mesmo com a inclusão das medidas socioambientais e compensações financeiras, o custo por kWh gerado por Belo Monte ainda será extremamente competitivo, contribuindo para a modicidade tarifária, de claro interesse para a população e para a economia nacional.
          Além disso, Belo Monte evitará a emissão de 18 milhões de toneladas de CO2 que seriam jogadas na atmosfera pela geração equivalente de usinas movidas a gás (ou de até 45 milhões, na comparação com a geração a carvão). Em média, o mundo emite cerca de 500 gramas de CO2/kWh. Países com emissões de gases inferiores a 100g/kWh ou têm base hidrelétrica, como Noruega e Brasil, ou têm base nuclear, como a França, ou ambas, como a Suécia.
          O desenvolvimento sustentável requer o equilíbrio entre as três dimensões pelas quais deve ser avaliado um projeto --a social, a ambiental e a técnica-econômica--, e não a prevalência de qualquer uma delas. Belo Monte, na forma como está sendo implantada, demonstra que esse equilíbrio é a chave do sucesso.
          ANDRÉ VILLAS-BÔAS
          TENDÊNCIAS/DEBATES
          A usina de Belo Monte é boa para o Brasil?
          NÃO
          Inadimplência socioambiental
          Carro-chefe do PAC, instalada em uma região da Amazônia com ausência histórica do Estado, Belo Monte é símbolo de inadimplência socioambiental. Obrigações do poder público e da empresa responsável pela construção da usina, a Norte Energia, têm sido sistematicamente descumpridas.
          Apesar de a obra estar sendo planejada há 30 anos, a região atingida para receber a terceira maior hidrelétrica do mundo não obteve os investimentos e ações necessários para mitigar e compensar de maneira adequada seus impactos.
          O mais caro e polêmico empreendimento do país chegou em 2013 ao pico de sua própria contradição. Praticamente 50% da usina está pronta, mas o mesmo não pode ser dito das obrigações socioambientais que deveriam acompanhá-la. O descumprimento, verificado pelo Ibama e pela Funai, não se traduz em ações corretivas. As mais graves sanções administrativas não passaram de algumas multas em valores irrisórios para um empreendimento orçado em quase R$ 30 bilhões.
          Temas sensíveis à Amazônia como o desmatamento e a sobrevivência de populações ribeirinhas e indígenas têm sido tratados com descaso, sobretudo os últimos. Antes de promover investimentos estruturados para mitigação e compensação dos impactos, R$ 100 milhões foram gastos em quinquilharias consumistas para cooptar lideranças, em um padrão clientelista de relacionamento inaceitável.
          Os programas de prevenção ou diminuição dos impactos relacionados à saúde indígena e à integridade de seus territórios, pressionados pelo aumento de renda e população trazidos à região pela obra, não saíram até hoje do papel, apesar de sua implantação ter sido prevista para antes do início da construção. A taxa de mortalidade infantil indígena em Altamira (PA) é quatro vezes superior à média nacional.
          Se a usina ficar pronta antes de o aterro e o sistema de esgoto entrarem em pleno funcionamento --obras que estão dois anos atrasadas--, a parte do rio Xingu que envolve Altamira ficará contaminada, afetando a população da cidade.
          Nesta semana, em decisão unânime, a Justiça ordenou parar a construção da usina até que fossem atendidas plenamente as obrigações socioambientais prometidas quando da licença ambiental.
          Diversas vezes o governo conseguiu derrubar a paralisação da obra usando uma medida judicial criada à época da ditadura, a suspensão de segurança, que se baseia no argumento de que o cronograma da obra é mais relevante que os direitos das populações atingidas. Isso dá à empresa a sensação de estar acima das leis estabelecidas no país simplesmente por tocar uma obra considerada "estratégica".
          O empreendimento esbarra em grave conflito de interesses. A União tem participação acionária de 50% na Norte Energia. A obra é 80% financiada pelo BNDES, vigiada permanentemente por 90 homens da Força Nacional de Segurança e defendida judicialmente pela Advocacia-Geral da União. Paradoxalmente é fiscalizada pelo Ibama, órgão de governo federal.
          Não existe nenhuma instância de controle social efetivo nem mecanismo independente de fiscalização. Essa blindagem é um vício de origem da implementação de obras de infraestrutura, entre as quais Belo Monte se destaca pela forma com que foi imposta à sociedade brasileira sem oitivas aos povos indígenas e com audiências públicas meramente formais, para inglês ver.
          A somatória de erros de Belo Monte não pode se repetir na Amazônia. A ausência de planejamento socioambiental responsável e respeito às instituições democráticas vão na contramão de qualquer projeto de desenvolvimento sustentável.

          Andre Singer

          folha de são paulo
          Surpreendente 2013
          Para a política brasileira, o ano que se encerra foi marcado por três fatos que mudaram o quadro previsível 12 meses atrás. O mais importante foi a inesperada sequência de manifestações que eclodiram em junho. Abriu-se, assim, um novo ciclo de lutas sociais, radicalizando a agenda que vai desaguar no próximo pleito presidencial.
          Consistiu também numa surpresa a solução encontrada em outubro por Marina Silva para resolver o impasse entre dedicar-se à proposta de construir um partido renovador das instituições nacionais ou permanecer na disputa pela Presidência da República. Ao entrar em agremiação que já tem candidato, ela fica dentro e fora da eleição ao mesmo tempo.
          A ex-senadora parece ter interpretado o fracasso do seu partido como obra do PT. Por isso, tendo se juntado a Eduardo Campos, que já vinha conversando com Aécio Neves, deu um passo na direção de formar um potencial bloco de oposição a Dilma Rousseff no segundo turno.
          Completando a sequência de eventos, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, aproveitou o feriado de 15 de novembro para colocar na prisão três importantes ex-dirigentes do PT, os quais têm direito ao regime semiaberto. Ainda que a detenção decorra de um processo que remonta a 2005, cujos possíveis desdobramentos foram amplamente discutidos em diversos fóruns, parece claro que o ministro relator decidiu usar o poder que lhe cabia para produzir um efeito simbólico de larga repercussão futura.
          Vistos em perspectiva eleitoral, a tríade de acontecimentos representa dificuldades para a candidatura Rousseff, que navegava em águas calmas no final de 2012. Com uma aprovação de 62% e Lula aparentemente fora da disputa, a presidente tinha caminho desimpedido, apesar de algumas dificuldades na economia. Agora, ela precisará enfrentar, com uma popularidade que caiu para 41%, a voz das ruas, a ira de Marina e as repercussões do mensalão.
          Nenhum dos obstáculos é intransponível e, deve-se dizer, o lulismo vem enfrentando de maneira competente esse conjunto de dificuldades nada desprezível. Mas a síntese de 2013 é o crescimento de pressões em direções opostas, o que projeta uma conjuntura complicada nos próximos meses.
          Embora contraditórios e, por vezes, confusos, os protestos expressam um desejo de que investimentos públicos levem as cidades do país a uma condição social verdadeiramente digna, com mobilidade, moradia, saúde, educação e segurança para todos. Na outra ponta, forças oposicionistas, de vários matizes, exigem uma contração do Estado, em nome da responsabilidade fiscal ou da restauração da moralidade.
          Vejamos que soluções para tais impasses nos trará 2014.

          Álvaro Pereira Júnior

          folha de são paulo

          O avesso de 2013

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          Melhor filme que parece outro mais famoso - "A Hijacking", de Tobias Lindholm.
          Um navio comercial é sequestrado por piratas no litoral africano. A tripulação, subjugada, vive semanas infernais nas mãos dos bandidos. Enquanto isso, em alguma nação ocidental, busca-se desesperadamente uma saída. Sim, parece "Capitão Phillips", mas este filme dinamarquês é anterior, feito com um décimo da verba, mas muito talento. Se você assiste a alguma série da Dinamarca, prepare-se: os atores são os mesmos (o país é pequeno).
          Melhor livro para nerds de revistas - "The Receptionist - An Education at the New Yorker".
          Com pouco mais de 20 anos, em 1957, Janet Groth, recém-saída da faculdade de letras, vencedora de concursos de jovens contistas, arrumou emprego de recepcionista na revista "New Yorker". O plano era ascender rapidamente na hierarquia, passando para a Redação.
          Mas, 21 anos depois, ela estava exatamente no mesmo posto. Em sua função humilde, conviveu com aristocratas, gênios, bêbados, adúlteros e suicidas. Todos funcionários e colaboradores da publicação. Uma vida fascinante.
          Pior notícia para nerds de revistas - "New York" vira quinzenal.
          Uma das revistas mais criativas e inovadoras, a "New York" (não confunda com a "New Yorker") anunciou há poucos dias que deixará de ser semanal. O fato de ela ser chefiada por Adam Moss, provavelmente o mais brilhante editor de revistas em atividade, nos traz pouca esperança sobre o futuro das revistas em papel. Se nem Moss consegue mais resolver, quem há de?
          Melhor canção em que uma moça está sofrendo (1) - "Aching Bones", Nadine Shah.
          O gótico levado a novas profundezas. Dissonâncias suicidas, notas de piano que congelam o ar em volta. Trilha do videogame "Dark Souls 2", cujo título dispensa explicações.
          Melhor canção em que uma moça está sofrendo (2) - "Hypolight", Mt. Wolf.
          Não são poucas as coisas que se podem fazer com uma voz límpida, um violão e muito eco. Esta linda canção está entre elas. A letra pergunta: "Será que isso durou demais?".
          Melhor canção em que uma moça está sofrendo (3) - "Youth", Daughter.
          Daughter é uma banda formada por pessoas brancas que tocam guitarras, o que pode ser mal visto em certos ambientes. A letra fala de uma juventude imprudente e selvagem, que "ateia fogo a suas próprias entranhas, só por diversão".
          Melhor programa de rádio para ouvir Nadine Shah, Mt. Wolf e Daughter - "The Finest Hour", na BBC 6.
          É o programa do Guy Garvey, vocalista da banda inglesa Elbow. Passa aos domingos, depois fica disponível no site da emissora. Acho que nunca ouvi Garvey escolher uma música que eu já conhecesse.
          Melhor prova de que nem sempre os críticos estão errados - "Song for Zula", Phosphorescent.
          A canção e/ou o álbum que a contém está em todas as listas de melhores do ano. Unanimidades assim costumam ser mau sinal, mas não neste caso. Folk épico, feito por hipsters que parecem vindos do espaço. Sei que ficou difícil entender, mas acredite: é maravilhoso.
          Pior show - Iceage no Music Hall of Williamsburg, no Brooklyn.
          O único show que vi este ano, e foi horrível. A média de idade dos dinamarqueses do Iceage parece ser de 17 anos. Dependendo do ponto de vista, eles podem ser o Joy Division ressuscitado ou um bando de neonazistas sem coragem de se assumir como tal. Fui com esperanças, porque os discos são muito bons, mas o barulho e a falta de coesão, ao vivo, me mandaram de volta ao hotel, debaixo de uma tempestade, já na terceira música. Como consolo, a banda de abertura, A Place to Bury Strangers, foi excelente.
          Melhor vídeo - Ministros norte-coreanos "indignados".
          Só vi no site do diário "South China Morning Post", de Hong Kong. Em seguida ao anúncio de que o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, tinha mandado fuzilar o próprio tio, por traição, divulgou-se este vídeo em que ministros espinafram com gosto o homem que tinha acabado de morrer. Detalhe: até poucos meses antes, ele era a segunda pessoa mais poderosa do país. Veja (legendas em inglês): tinyurl.com/nmwuymz.
          2014 vem aí, andam dizendo. Quem sabe a gente se encontra.
          álvaro pereira júnior
          Álvaro Pereira Júnior é graduado em química e jornalismo pela USP, com especialização em jornalismo científico pelo MIT. Trabalha no programa "Fantástico", na TV Globo. Escreve aos sábados, a cada duas semanas, na versão impressa de "Ilustrada".

          Ruy Castro

          folha de são paulo
          Quem morre por último
          RIO DE JANEIRO - Joan Fontaine, antiga estrela do cinema, morreu no último domingo. Fez grandes filmes, sendo "Rebecca, a Mulher Inesquecível" (1940), de Hitchcock, o mais famoso, e "Carta de uma Desconhecida" (1948), de Max Ophuls, o melhor. Eu gostava dela. Gostava também de sua irmã, a idem estrelíssima Olivia de Havilland. E só então me dei conta de que nunca tomara partido na rixa entre as duas.
          Rixa? O mundo não conheceu irmãs que se odiaram tanto e por tanto tempo --quase um século, porque Joan morreu aos 96 anos, Olivia está viva aos 97, e esse ódio começou na infância. Suas brigas, ainda de maria-chiquinha, terminavam no pronto-socorro. Joan detestava Olivia, por esta ser a mais velha, e Olivia esnobava Joan, por esta ser a caçula. Joan decidiu que esmagaria Olivia fazendo tudo primeiro. E começou bem: foi a primeira a perder a virgindade e a se casar.
          Um dia, elas se viram em Hollywood e disputando os mesmos papéis, namorados e Oscars. Olivia fez os clássicos "Capitão Blood" (1935), "As Aventuras de Robin Hood" (1938) e o segundo papel feminino em "...E o Vento Levou" (1939). Mas foi Joan quem ganhou o Oscar, com "Suspeita" (1941), também de Hitchcock. Olivia teve de esperar oito anos pelo seu próprio Oscar, com "Tarde Demais" (1949), de William Wyler, embora já merecesse tê-lo levado por "A Cova da Serpente" (1948), de Anatole Litvak.
          No ocaso de suas carreiras, ambas interpretaram papéis ousados. Em "Ilha nos Trópicos" (1957), Joan tinha um caso interracial com o belo Harry Belafonte, e quase foi linchada por isso. E, no inacreditável "O Mundo dos Aventureiros" (1969), de Lewis Gilbert, Olivia, aos 53 anos, fez, pode crer, uma cena de seios nus.
          Está bem, Joan fez tudo primeiro. Inclusive morrer. Mas Olivia era melhor pessoa e, como sói acontecer, ri melhor quem morre por último.

            Painel das Letras - Raquel Cozer

            folha de são paulo

            O golpe segundo Serra

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            Fora da corrida presidencial, José Serra (PSDB) terá meses movimentados pela frente. Acaba de fechar com a Record a publicação de um livro sobre o golpe de 1964, que completa 50 anos em abril. Nas memórias que escreve nos próximos meses, o ex-governador analisará os antecedentes e as consequências daquele momento e relembrará seu período de exílio no Chile. Deverá ainda abordar controvérsias sobre a época –embora aponte falhas no governo de João Goulart, Serra discorda da ideia de que havia uma corrida entre direita e esquerda para ver quem dava o golpe primeiro.
            Quase lá
            A estreia da Amazon brasileira na comercialização de livros físicos deve ficar para depois do Carnaval, em março. Não será um bom momento –o mercado prevê vendas fracas em 2014 por conta da Copa e das eleições–, mas editores veem com bons olhos a expansão. Embora poucas casas já tenham fechado contrato com a loja para essa nova fase, muitas pretendem fazê-lo em breve.
            A varejista anda mais flexível nas negociações após a luta para ingressar no mercado nacional de livros digitais. Aliás, após meses atrás da Apple, que estreou em 2012 como líder na venda de e-books, a Amazon se firmou neste semestre como a maior loja do gênero no Brasil.
            Biografia
            Bertrand Guay - 1º.jun.2005/AFP
            'Nunca tive com meu baixo a relação que guitarristas dizem ter com suas amantes de seis cordas. Levei-o para a cama só uma ou duas vezes, em momentos de desespero', brinca John Taylor, do Duran Duran, em 'No Ritmo do Prazer', que a Benvirá lança em janeiro.
            Quarto milênio O quarto livro de "Millenium", série de Stieg Larsson que vendeu 570 mil cópias no país, sairá pela Companhia das Letras junto com a edição sueca, em 2015. O autor será David Lagercrantz. A viúva de Larsson, que disputava o espólio com a família, disse que ele não viu o livro que Larsson escrevia ao morrer, em 2004.
            Só no digital A Rocco inicia o ano com seus primeiros títulos lançados antes no digital. Entre eles, "Doctor Who: 11 Doctors, 11 Stories", com contos de Neil Gaiman, Eoin Colfer e outros sobre o personagem da série de TV. A tradução dos contos ficará aos cuidados de fãs da série, como Antônio Xerxenesky. A edição impressa sairá apenas no segundo semestre.
            In memorian Em "A Luciano Pavarotti, un Maestro per Tutti", o tenor Andrea Bocelli escreve, com a ajuda de Giorgio de Martino, suas lembranças do mestre, morto em 2007. O livro sai pela Bertrand Brasil em 2014. A editora prepara a autobiografia do estilista Roberto Cavalli, "Just Me".
            Contra o tempo O orçamento da Biblioteca Nacional para a participação do Brasil como homenageado da Feira do Livro Infantil de Bolonha, que já tinha caído de R$ 2,5 milhões para R$ 1,3 milhão, agora está indefinido. Faz dois anos que o governo aceitou o convite do evento, que acontece em três meses.
            Contra o tempo 2 A proposta brasileira incluía mostra de ilustrações e eventos na cidade italiana, com presença de 15 autores. A Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, que fará a produção, diz que a mostra está de pé e que a verba ainda vem.
            Contra o tempo 3 A assessoria de imprensa do Ministério da Cultura não se manifesta. Já a Biblioteca Nacional informa que há recursos garantidos para várias ações, sem detalhá-los. A atual gestão é crítica ao papel de produção de eventos assumido pela gestão anterior.
            Nobelzinho Em Bolonha, serão anunciados os vencedores do Hans Christian Andersen, o Nobel da literatura infantil. O Brasil teve duas vencedoras em meio século: Lygia Bojunga Nunes (1982) e Ana Maria Machado (2000). Desta vez indicou o escritor José Rufino dos Santos e o ilustrador Roger Mello.
            Pré-Copa Com mais de 5.000 cópias vendidas no Brasil, "O Drible", de Sérgio Rodrigues, está prestes a ganhar edição em espanhol, na tradução do escritor mexicano Juan Pablo Villalobos. A editora Anagrama quer lançá-lo na Espanha antes da Copa.
            Conversão Dossiês, entrevistas e colunas da revista "Cult" migram para o digital numa parceria com a e-galaxia. O primeiro e-book, "Medida por Medida", traz as colunas do crítico Alcir Pécora.
            painel das letras
            Raquel Cozer é jornalista especializada na cobertura de literatura, mercado editorial e políticas de livro e leitura. É colunista e repórter da "Ilustrada", na Folha, desde 2012, com passagem anterior pelo caderno de 2006 a 2009. Foi repórter do "Sabático", no "Estado de S. Paulo", e do jornal "Agora", do Grupo Folha. Também trabalhou nas editoras Abril, Globo e Record. Escreve a coluna Painel das Letras, aos sábados.