quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

França registra 7.000 casamentos gays em 2013

França registra 7.000 casamentos gays em 2013

Gaëlle Dupont
  • Gerard Julien/AFP
    Bruno Boileau (esquerda) e Vincent Autin se beijam na primeira união gay oficial da França, em Montpellier
    Bruno Boileau (esquerda) e Vincent Autin se beijam na primeira união gay oficial da França, em Montpellier
Não houve nem um surto, como temiam os opositores de um "casamento para todos", nem um desinteresse, como contagens incompletas haviam sugerido em um primeiro momento. Segundo os primeiros números publicados pelo Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos (Insee, sigla em francês), na terça-feira (14), cerca de 7 mil casamentos entre pessoas de mesmo sexo foram celebrados desde o primeiro deles, no dia 29 de maio de 2013, entre Vincent Autin e Bruno Boileau, em Montpellier, na presença de vários membros do governo.
Casamentos que, após meses de debates tempestuosos pontuados por manifestações, ocorreram em meio a uma tranquilidade paradoxal. Nenhuma cerimônia foi impedida por manifestantes hostis. Somente alguns prefeitos se recusaram a aplicar a lei, como em Arcangues (Pirineus Orientais) em julho, ou ainda em Bollène (Vaucluse) em setembro, onde as uniões afinal foram celebradas por secretários da prefeitura.
A pequena comuna de Fontgombault (departamento de Indre) chegou a aprovar uma deliberação que nega o casamento homossexual argumentando a existência de uma "lei natural superior às leis do homem". A legalidade dessa medida será decidida pela Justiça. Mas, enquanto esses casos ganhavam os holofotes, mais de 2.900 comunas celebravam sem maiores incidentes pelo menos um casamento homossexual, segundo o Insee.
Eles representaram cerca de 3% dos casamentos realizados em um ano. Um número elevado, em relação à proporção de casais do mesmo sexo entre todos os casais, que é de 1%. Certamente o efeito do "primeiro ano" teve seu papel. Certos casais homossexuais formados há muito tempo esperavam por esse momento e quiseram se casar o mais rápido possível.
O apelo da novidade pode ser visto nas idades dos casais que contraíram matrimônio, mais elevadas que entre os heterossexuais: 50 anos em média para os homens e 43 anos para as mulheres (contra 37 e 34 para os casados heterossexuais). A diferença de idade entre os membros do casal é mais elevada entre os casados homossexuais (7 anos, contra 4,3 no caso de casais heterossexuais).
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Veja os avanços e retrocessos da causa gay em 201323 fotos

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Em 2013, a causa gay avançou muito no Brasil e no mundo, com a aprovação do casamento de pessoas do mesmo sexo em vários países e até o arquivamento do projeto de lei da chamada "cura gay" no Brasil. Mas também enfrentou muitos desafios, entre eles a eleição do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da CDH (Comissão de Direitos Humanos e Minorias) da Câmara dos Deputados e o aumento de crimes homofóbicos. Clique na seta à direita para ver os avanços e na seta à esquerda para conhecer os retrocessos da luta dos homossexuais Arte/UOL
O Insee observou um "aumento progressivo" das cerimônias, que atingiu um pico de 1.500 casamentos em setembro. Os casais mais apressados na verdade só puderam fazer as proclamas e começar a organizar as celebrações uma vez que a lei sobre o "casamento para todos" foi promulgada, no dia 18 de maio. Ainda que o governo tenha apressado o processo, deixando somente poucos dias passarem entre a votação definitiva na Assembleia Nacional e a promulgação, sobrou pouco tempo antes do verão, menos apreciado pelos casais por ser menos propício para reuniões familiares. Após o pico de setembro, os números começaram a baixar novamente, assim como para os cônjuges de mesmo sexo, que se casam menos no outono (sete em cada dez casamentos aconteceram entre maio e setembro).
Os números do Insee também revelaram que os casais homossexuais se casaram mais nas grandes cidades, mas a França dos vilarejos também recebeu várias celebrações. Um quarto das uniões foram seladas em cidades com mais de 200 mil habitantes (sendo quase 14% em Paris), contra 9% dos casamentos entre casais heterossexuais. Mas a proporção de uniões celebradas nas comunas com menos de 2 mil habitantes é a mesma para todos os casais, ou seja, um quarto.
Somente os números de um ano inteiro, uma vez passada a onda dos primeiros meses, permitirão saber como esses casamentos se estabelecerão no cenário. Os números de 2013 desde já colocam a França na média dos países europeus. Na Espanha, desde 2006, os casamentos entre pessoas de mesmo sexo representam cerca de 2% das uniões todos os anos. A proporção é comparável à da Holanda, onde o casamento gay existe desde 2000. Os números são mais elevados na Bélgica (5% das cerimônias).
Mas, apesar de um número considerável, o novo tipo de casamento não basta para conter o declínio de uma instituição cada vez menos valorizada pelos casais, que começou há uma década. Após uma breve recuperação em 2012 (245.930 uniões, contra 236.826 em 2011), a tendência voltou a ser de queda, com 238 mil casamentos celebrados em 2013 (231 mil entre heterossexuais e 7 mil entre homossexuais).
Para os casais homossexuais, o casamento representa a conquista de novos direitos, como recebimento automático de herança, pensão do cônjuge falecido e sobretudo o direito de adotar juntos ou adotar o filho do cônjuge, embora ainda não haja nenhum número disponível sobre essas adoções. Em compensação, a união na Prefeitura, que se distingue cada vez menos da união civil, tem perdido em atratividade entre os casais heterossexuais, que não precisam estabelecer laço de filiação com seus filhos. Em 2013, portanto, a legalização do casamento homossexual permitiu conter a queda no número de uniões desse tipo.

VEJAS OS PAÍSES QUE JÁ PERMITIRAM O CASAMENTO GAY

O povo indesejado da Europa

O povo indesejado da Europa

Jörg Diehl, Fiona Ehlers, Özlem Gezer, Maximilian Popp e Fidelius Schmidt
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Veja fatos curiosos sobre povos ciganos no Brasil e no mundo8 fotos

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Na Europa e nos Estados Unidos a palavra "gipsy"- cigano- é evitada por estudiosos por apresentar caráter pejorativo, sendo adotado o termo "romani". O termo "rom" se refere a um membro do grupo de origem romani, sendo "roma" a forma plural. Segundo o geógrafo Marcos Toyanski, apesar de ser considerado o termo politicamente correto, nem todos os ciganos conhecem ou se consideram roma. A palavra "cigano", "cygani", "cikan", entre outras, são derivadas do grego "atsigani" que significa "não toque", "intocáveis"."Gitano" e "gipsy" são derivadas de "egyptian" pois acreditava-se que os roma vieram no Egito Tuca Vieira/Folha Imagem
A porta do armário voa por uma janela do andar de cima e aterriza numa pilha de entulho num gramado do subúrbio de Duisburg, em Rheinhausen. Meia dúzia de homens usando jaquetas grossas e chapéus de lã estão a apenas dois metros de distância. A porta poderia ter ferido alguém, mas Marian, Nico e os outros não movem um músculo. "Eles estão reformando", diz Marian. Os homens riem. "Não há problema."
Marian, que vem do nordeste da Romênia, mora no prédio de tijolos de oito andares há três anos. O lugar ficou conhecido por toda a Alemanha como "a casa dos problemas", "casa do terror" ou simplesmente como "casa cigana". Como se isso dissesse tudo.
Eis uma breve história do prédio: há alguns anos, ciganos vindos da Romênia se mudaram para lá. Muitos outros vieram depois até que o edifício abrigasse quase que exclusivamente imigrantes ciganos, mais do que a estrutura podia acomodar. Eles fizeram churrascos no quintal, o que gerou reclamações dos vizinhos. O lixo se empilhou em volta do prédio e o serviço de coleta se recusou a retirar. Isso atraiu ratos.
Os vidros das janelas quebraram e ninguém os substituiu. As escadarias começaram cheirar a urina. Alguns habitantes furtavam, enganavam pessoas ou as roubavam, o que levou a visitas frequentes da polícia. Nos primeiros nove meses do ano passado, um total de 277 crimes foram atribuídos a pessoas que vivem no prédio.
Então vieram os ativistas de extrema-direita. Eles protestaram em frente ao prédio e o criticavam em fóruns na internet. Em uma página do Facebook que tem como título o endereço da casa, "In den Peschen 3-5", Stefan K. escreveu: "Joguem uma bomba lá dentro, isso resolverá". Marian D. pediu: "Queimem esses babacas". A página tinha 1.690 curtidas até ser encerrada em agosto.
Naquele mês, os ocupantes do prédio se armaram com tacos. Ativistas de esquerda montaram guarda à noite. Quando a polícia tentou entrar no edifício numa noite de agosto, as pessoas lá dentro mantiveram-na para fora com barras de ferro e spray de pimenta.
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Fotógrafa registra 'pobreza e coragem' em comunidade cigana7 fotos

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7.ago.2013 - Há mais de mil pessoas que vivem na comunidade roma de Craica (na foto), cerca de metade delas com menos de 18 anos. A instituição de caridade Hope and Homes for Children ("Esperança e Lares para Crianças", em tradução livre) trabalha para manter as crianças com suas famílias - e fora de orfanatos e outras instituições do tipo Yvonne de Rosa/BBC

"Não tínhamos nada na Romênia"

Apesar disso, Nico ainda defende: "é bom aqui". Ele diz: "nossos filhos podem ir à escola, não há problemas com os vizinhos". Ele encontra trabalho ocasionalmente, e quando não está trabalhando, coleta garrafas descartadas e recupera o preço do vasilhame nos supermercados. "Não tínhamos nada na Romênia", diz ele.
Políticos da nova grande coalizão de conservadores e social-democratas da Alemanha estão envolvidos numa disputa sobre a imigração da Romênia e Bulgária porque as restrições de migração da UE foram suspensas em 1º de janeiro. O acordo de coalizão entre os partidos determina que "incentivos à migração para sistemas de bem-estar social deveriam ser reduzidos". Elmar Brok, do partido União Democrata Cristã da chanceler Angela Merkel, que coordena o Comitê de Assuntos Exteriores no Parlamento Europeu, demandou que os imigrantes que só vão para a Alemanha para receber benefícios devem ter suas impressões digitais coletadas.
Muitos imigrantes dos dois países têm boa escolaridade, mas entre eles também estão pessoas pobres e sem qualificação que têm poucas perspectivas de encontrar emprego na Alemanha. Em muitos casos, pertencem ao povo cigano.
Dezenas de milhares de ciganos como Marian e Nico fugiram da miséria e da discriminação que sofrem na Romênia, Bulgária, Sérvia, República Tcheca, Hungria e outros países. Mas na França, Itália e Alemanha, acabaram em acampamentos ou vivendo em moradias precárias. Alguns recorrem ao crime. Também no oeste praticamente todos eles permanecem muito pobres e discriminados.
Cerca de 10 a 12 milhões de ciganos vivem na Europa – mais do que a população da Áustria. Eles vivem no continente há mais de mil anos – e foram condenados ao ostracismo, perseguidos e reprimidos por serem ciganos durante séculos. Os nazistas assassinaram centenas de milhares deles. Os ciganos são a maior minoria da Europa – e continuam sendo o povo mais indesejado do continente.
Quase 70 anos depois do fim da era nazista, Merkel inaugurou em 2012 um monumento aos ciganos e sinti assassinados pelo Holocausto. Mas o debate agora levantado pela União Social Cristã, partido da Bavária irmão do CDU de Merkel, sobre os chamados "migrantes de pobreza" vindos da Bulgária e da Romênia, que também está sendo travado em outros países da União Europeia, mostra que os velhos preconceitos persistem na Europa. Os ciganos de pele escura cantam e roubam, não colocam sapatos nas crianças e gostam de viver na sujeira – essa é a tradição, segundo a visão preconceituosa.
Os governos ignoraram os ciganos por um longo tempo. A Alemanha tem sua minoria sinti integrada, a França teve os manouches e a Espanha os kale, mas ninguém mostrou nenhum interesse por eles – e ninguém perguntou sobre os ciganos do sudeste da Europa. O foco só se voltou para eles desde que cada vez mais ciganos começaram a chegar da Bulgária e Romênia e desde que o número de pessoas da Sérvia e Macedônia que buscam asilo dobrou de 2011 a 2012.
Hans -Peter Friedrich, do CSU, que foi ministro de Interior da Alemanha até recentemente, queria se livrar desses imigrantes o mais rápido possível e evitar que mais chegassem à Alemanha. Ele pediu que os países de origem melhorassem as condições de vida do povo cigano por lá.
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Exposição mostra trajetória de ciganos em fotos8 fotos

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A mostra também revisa os anos 40, 50 e 60, em que ocorre a migração dos ciganos do campo para as cidades e das cidades aos subúrbios dos centros urbanos. Isabel Hernángez, conhecida como Colita, tirou essa foto em 1963 Reprodução/BBC

Vivendo em cortiços

Uma visita a Antena, um assentamento na periferia da capital sérvia de Belgrado, mostra a extensão das melhorias necessárias na Bulgária, Romênia e Sérvia. Não há água corrente, os banheiros são buracos no chão. O ar cheira a urina, mofo e plástico queimado.
Ramiz, 28, vive no assentamento juntamente com 600 outros ciganos. Por 40 euros, ele comprou oito metros quadrados do terreno de um depósito de lixo para construir seu casebre. Ramiz diz que os ciganos são "o povo invisível de Belgrado". Metade dos moradores de Antena não têm passaporte ou certidão de nascimento. Para o governo sérvio, eles simplesmente não existem e não recebem benefícios sociais.
A maioria deles, como Ramiz, veio durante o conflito do Kosovo no final da década de 1990. Eles sonham em chegar ao rico Ocidente o mais rápido possível.
Durante o dia, Ramiz e seus filhos coletam papelão ou vasculham o lixo em busca de pacotes de sopa vencidos, caixas de cereais abertas ou chocolate em pó. No bolso, ele tem um cartão de visita de um homem que trafica pessoas sem documentos através da fronteira ao norte. O transporte custa 100 euros, as propinas para os guardas de fronteira custam 400. Ramiz espera conseguir clientes suficientes para que o traficante deixe que ele atravesse sem pagar nada.
Antena é apenas um assentamento deste tipo em Belgrado. Há centenas como este na Sérvia e milhares nos outros países da Europa Oriental. Em 2011, a Comissão Europeia junto com o Programa de Desenvolvimento da ONU e a Agência Europeia para os Direitos Fundamentais analisou as condições de vida de mais de 80 mil ciganos que vivem em 11 Estados membros da UE e descobriu que um terço deles estava desempregado, 20% não tinha qualquer assistência médica e 90% vivia abaixo da linha de pobreza.

Racismo e ataques

Mas os ciganos não estão apenas tentando fugir da pobreza. Eles também estão tentando fugir da discriminação e do abuso. Na Romênia, em janeiro passado, um grupo de extrema-direita defendeu a esterilização das mulheres ciganas. A Bulgária teve manifestações contra os ciganos na capital, Sófia, no ano passado. Em 2012, uma multidão na República Tcheca gritava "gás para os ciganos" depois que um jovem de 15 anos disse ter sido espancado por ciganos.
Ativistas de direitos humanos dizem que a situação dos ciganos é especialmente precária na Hungria – muito embora o governo afirme ter uma estratégia para integrá-los. "Os ciganos na Hungria são sistematicamente discriminados", diz Gabor Daróczi, diretor da fundação Romaversitas que financia projetos de educação para os ciganos. "Eles não conseguem encontrar trabalho, as crianças não vão para a escola." Ele disse que o sentimento contra os ciganos na Hungria o faz lembrar a década de 30. Em agosto, três homens foram condenados pelo assassinato de seis ciganos por ódio racial.
Membros do governo de direita do primeiro-ministro Viktor Orbán se mobilizam abertamente contra os ciganos. Zsolt Bayer, cofundador do partido Fidesz, no governo, e supostamente um confidente de Orbán, disse: "a maioria dos ciganos não são adequados para a vida comunitária. Eles imediatamente querem prejudicar todo mundo que veem. Se encontram resistência, cometem assassinato. Estes ciganos são animais e se comportam como animais. Eles não deveriam existir, os animais. Alguém tem que resolver isso – utilizando todos os meios disponíveis!"
Em março de 2011, militantes de extrema-direita ocuparam Gyöngyöspata, a 80 km a nordeste de Budapeste, durante várias semanas. Neonazistas marcharam pelas ruas ameaçando e espancando ciganos. O governo não interveio contra os racistas. Quando uma organização de ajuda levou centenas de crianças do vilarejo, o governo descreveu o resgate como "férias de Páscoa".
No final, a polícia se envolveu e os militantes foram embora. Mas a vida não melhorou para os ciganos em Gyöngyöspata. Eles vivem num assentamento no vale. Suas casas são feitas de ferro ondulado e aglomerado e, no inverno, os caminhos ficam cheios de lama.
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Mesmo com Hollande no poder, ciganos esperam por mudanças na França7 fotos

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Mulher varre tapete em acampamento cigano em La Courneuve, na França Leia maisCorentin Fohlen/The New York Times

"Controle de natalidade para ciganos"

O vilarejo é governado pelo partido de extrema-direita Jobbik, que demanda "controle de natalidade para os ciganos" e está ligado a um dos grupos de milícias neonazistas que aterrorizou os ciganos em Gyöngyöspata. A polícia cobra multas quando pedestres andam na rua ao invés de na calçada. Na escola em Gyöngyöspata, crianças ciganas têm aulas num andar separado.
Levando em conta esse tratamento, é um milagre que mais ciganos não tentem deixar seu país de origem. Mas eles também enfrentam discriminação em países mais ricos como a Alemanha. Eles costumam sofrer insultos e ataques, e não têm chances iguais no mercado de trabalho, diz Markus End, cientista político de Berlim. O racismo contra os sinti e ciganos é "uma ocorrência cotidiana na Alemanha", diz ele.
O centro de informação RomnoKher, com sede em Mannheim, apresentou um dos relatórios de End a representantes da Comissão de Direitos Humanos do parlamento alemão em dezembro de 2012. Ele continha relatos de preconceito da mídia contra o povo cigano, danos a monumentos em memória da deportação e assassinato de sintis e ciganos durante o nazismo e campanhas contra imigrantes do leste europeu.
Também houve violência contra os ciganos na Alemanha. Rudolf H., um sinti de Klingenhain, um vilarejo na Saxônia, foi chamado de "chefão de cor" e sua esposa Claudia de "cigana vadia". A família sinti sofreu insultos por seis anos. Seus filhos foram ameaçados na escola e a polícia uma vez teve de protegê-los de neonazistas no caminho da escola para casa.
Sua casa foi invadida várias vezes por pessoas que quebraram os móveis e cortaram o sofá. No outono de 2009, um tijolo foi arremessado pela janela com um bilhete preso que dizia: "Fujam, seus sujos". No Natal, sua casa foi incendiada. Foi quando a família desistiu e se mudou.
Mas o sentimento em relação aos ciganos é ainda mais hostil do que em outros países da UE. Na Itália, o governo está tentando realojar ciganos em bairros segregados feitos de contêineres.
Elviz Isola mora num desses acampamentos com sua mãe e muitos irmãos. Antes disso eles moravam em "Casolino 900", uma das maiores favelas da Europa que foi arrasada por tratores numa noite. Então o governo os realojou em Salone. Elviz espera no portão cercado de arame farpado. Há uma câmera de vigilância ao lado dele. Salone fica do lado de fora do anel viário que circunda Roma. É um lugar esquecido por Deus, acessível apenas por um caminho estreito. Atrás do portão fica um acampamento sombrio de contêineres de metal cada um medindo três por sete metros, em fileiras bem alinhadas, com janelas que lembram aberturas para atirar flechas.

Ratos, vira-latas e colchões apodrecendo

Cerca de 500 famílias moram no acampamento, em muitos casos, mais de seis ou sete pessoas em apenas 30 metros quadrados. Ratos correm ao longo dos caminhos entre os contêineres, cães vira-latas vagueiam por ali e o lugar é cheio de velhos sofás e colchões apodrecendo que os romanos jogam no local secretamente nos finais de semana. Mas Salone deveria ser um modelo de conjunto habitacional "totalmente equipado", financiado pela prefeitura, para a minoria – pelo menos, é assim que o governo italiano vê.
Na verdade, Salone é mais um gueto do que um bairro e priva os jovens como Elviz da chance de pertencer à Itália normal. São necessárias três ou quatro horas para chegar ao centro de Roma, onde eles podem conseguir um emprego ou uma capacitação. "Quem é que vai me pegar como um cavalariço, mecânico ou ajudante de cozinha morando tão longe, com este rótulo de "zingaro" que eu carrego na testa?", diz Elviz. "Eles ganham as eleições enfiando o povo cigano numa prisão como Salone."
No verão passado, o vice-presidente do conselho municipal de Gênova, disse: "águas-vivas são como os ciganos: inúteis e sempre um inconveniente". De acordo com um relatório da Anistia Internacional, os políticos veem a presença do povo cigano como algo "comparável a um desastre natural".
Houve um tempo, há mais de quatro anos, que Elviz Isola achava que as coisas poderiam mudar. Ativistas apresentaram uma queixa na UE contra a polícia por tirar as impressões digitais de menores ciganos. Elviz estava entre os queixosos, a decisão foi a seu favor e ele achou que tudo ficaria bem. Mas hoje, está resignado. "Nós ciganos não participamos de nenhuma guerra, somos um povo pacífico. Defender-nos agora, confrontarmos, de que serviria?"
Elviz e seus amigos preferem fazer rimas de rap à mesa em seu contêiner e escrever um blog sobre suas vidas como ciganos. Recentemente, eles até têm um pouco mais de dinheiro. O novo papa está atraindo mais peregrinos para a cidade e as mulheres estão mendigando e voltando para casa com mais dinheiro no bolso. O fato de que o Papa Francisco fala muitas vezes da pobreza e de visitar as margens da sociedade enche Elviz de esperança. "Ele deveria vir", diz Elviz. "Não há nada mais marginalizado do que nosso acampamento, em nenhum lugar da Europa."
A França também não tem muito escrúpulo quando se trata dos ciganos. Acampamentos com casas móveis e abrigos temporários, estabelecidos em muitos lugares pelos ciganos da Romênia e Bulgária, são simplesmente demolidos. O método começou durante o governo do presidente conservador Nicolas Sarkozy, e continuou durante o governo de seu sucessor socialista, François Hollande.
Não é apenas a Frente Nacional de direita que acredita que a maioria dos ciganos é incapaz de se integrar. O ministro do Interior socialista Manuel Valls concorda. O modo de vida deles é "extremamente diferente", diz. Ele imediatamente foi ameaçado de sanções pelo escritório da comissária europeia de justiça Viviane Reding,que deixou claro que os direitos da UE que garantem liberdade individual de ir e vir também se aplicam aos ciganos. O escritório dela observou que a UE fará tudo o que estiver a seu alcance para defender esses direitos.
Durante uma visita a Bruxelas, Reding sentou-se em seu escritório e suspirou. "É impossível vencer nessa questão", diz ela. A pouca importância que os estados membros da UE dão aos ciganos ficou clara para ela quando viajou para a cúpula do povo cigano em 2010 na cidade espanhola de Córdoba. "Apenas três ministros estiveram presentes", disse ela. O ministro de Interior alemão na época, Thomas de Maizière, também mostrou pouco interesse e enviou um representante.

"Não há necessidade de uma estratégia especial para os ciganos"

Depois da cúpula, Reding demandou que todos os estados membros da UE apresentassem uma estratégia para a integração dos ciganos. A resposta da Alemanha foi significativa: em 2011, um documento de várias páginas chegou de Berlim admitindo que havia dificuldades no que dizia respeito à integração de imigrantes. Mas, continuava, "não há necessidade de uma estratégia especial para os ciganos".
Na primavera de 2013 , Reding lançou uma mesa redonda para a discussão de questões relativas aos ciganos. A mesa tinha como objetivo fornecer uma oportunidade para organizações de ajuda e representantes dos gianos darem voz às suas preocupações e problemas. A lista resultante foi da pobreza e discriminação até dificuldades no acesso à educação e sistemas de saúde.
A UE, com frequência tão poderosa, têm pouca influência no que diz respeito à política em relação aos ciganos e Reding tem poucas possibilidades para impor sanções. Ela escreve cartas para o ministro de interior alemão Friedrich quando a retórica dele fica muito afiada. Ela também criticou a Itália e até deu início a procedimentos oficiais contra a França quando Paris expulsou um grande número de ciganos.
A voz de Reding mostra frustração quando ela diz: "as duas coisas principais que costumamos receber dos estados membros são: ou alguns discursos de domingo bem intencionados ou populismo dirigido contra os ciganos". Mas é impossível conquistar votos apoiando os ciganos. De fato, os estados membros nem usaram todos os 26,5 bilhões de euros disponibilizados ao longo dos últimos cinco anos para ajudar na integração dos ciganos.
Damian Draghici talvez pudesse explicar à comissária de Justiça o motivo disso. O homem de 43 anos é cigano e é um músico de sucesso. Ele foi coautor da trilha sonora da série "Piratas do Caribe".
Hoje, Draghici é o principal conselheiro de assuntos relativos aos ciganos para o primeiro-ministro romeno. Numa tarde de junho, ele se viu sentado numa sala de conferências em Bucareste, com seus óculso Ray-Ban na testa. De cabelos curtos, ele usa terno e fala inglês sem sotaque. Na mesa à sua frente havia garrafas de água, cartões de visita e dois smartphones.
Sim, disse ele, há uma estratégia para os ciganos na Romêni, mas só porque Bruxelas exigiu. É apenas um papel. Ele resume a estratégia para os ciganos de seu governo e os esforços de Bruxelas sucintamente: "só papo furado", diz ele.
Ele diz que ficaria feliz em ajudar no caso de haver problemas com os ciganos na Alemanha. Ele poderia ajudar com projetos nos vilarejos romenos envolvidos conforme for necessário, basta pedir, ele insiste. Quando ele fica sabendo que os pais na Alemanha recebem 20 vezes mais do estado para cada criança do que os pais ciganos, ele diz, incrédulo: "papo furado."
Ele diz que nos últimos 20 anos, as questões dos ciganos estiveram em último lugar na agenda política da Romênia. "Os ciganos hoje estão na mesma condição que estavam há 150 anos", diz ele. As cidades só podem ajudar os ciganos num nível local, ele acredita, e não por resolução de Bruxelas e certamente não do parlamento da Romênia. O legislativo do país tem apenas um deputado cigano para para cerca de dois milhões de ciganos no país.
No início de dezembro, os estados membros da UE aprovaram mais um documento em Bruxelas. Todos os 28 países se comprometeram a adotar medidas para acelerar a integração de suas populações ciganas. A comissária eurpeia Reding diz que isso mostra que os estados membros estão preparados para fazer algo para ajudar a minoria. "Não hesitaremos em lembrar os estados membros de suas obrigações e garantir que eles as cumpram", diz ela.
Pode ser. Mas quase no mesmo momento, os ministros do Interior europeus colocaram novas restrições à entrada sem visto a partir de países dos Bálcãs como a Sérvia e a Macedônia. O ex-ministro de Interior Friedrich até propôs, logo depois de passar para o ministério da Agricultura, que as liberdades de trânsito sejam limitadas para pessoas da Romênia e Bulgária, ambos membros plenos da UE.
Essas atitudes deixam os ciganos desconfiados de que a nova resolução para melhorar sua situação seja apenas um papel. Draghici poderia dizer: papo furado.
Tradução: Eloise de Vylder

O combate à corrupção no Brasil - Fabio Selhorst

folha de são paulo
O combate à corrupção no Brasil
Quando a Siemens encontra indícios de irregularidades, leva proativamente o assunto às autoridades, como no suposto cartel em São Paulo
A sanção da Lei Anticorrupção pela presidente Dilma Rousseff (lei nº 12.846/2013), que entrará em vigor nas próximas semanas, é um importante marco para o Brasil ao cobrar do setor privado uma postura ética em seu relacionamento com o setor público.
Elaborada a partir de políticas internacionais anticorrupção, como a norte-americana "Foreign Corrupt Practices Act" (FCPA) -- Lei sobre Práticas de Corrupção no Exterior-- e recomendações da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a lei ampara a administração pública contra práticas fraudulentas e corruptas e inclui qualquer conduta prejudicial à administração pública.
Conforme determina a lei, as empresas terão seis meses para adotar mudanças organizacionais como o desenvolvimento de programa de obediência às leis ("compliance") e treinamento para seus funcionários. Os critérios de avaliação desses programas serão regulamentados pelo Poder Executivo no devido tempo.
Além disso, ao dosar as sanções, autoridades do governo levarão em conta o grau em que a pessoa jurídica irá colaborar nas investigações, caso haja prática de corrupção.
A partir de agora, a ação preventiva é o mote para empresas que fazem negócios no país. Portanto, é importante que coloquem em prática os processos de conformidade internos e regras de conduta que visam coibir atos de corrupção por parte de seus funcionários. A empresa que adotar boas práticas de governança corporativa estará optando por transparência, prestação de contas e responsabilidade corporativa em suas operações.
As empresas que buscam uma presença mundial sólida de negócio devem promover a cultura de obediência às leis e sua implementação como um valor inato. Porém, estabelecer o programa não é suficiente. Ele deve ser revisto de tempos em tempos, levando-se em conta características da organização como seu tamanho, valor, tipo de transações comerciais, área de atuação e a existência ou não de filiais no exterior. Tudo isso ajuda a criar um retrato claro de cada negócio.
Por isso, a Siemens decidiu implementar globalmente, em 2007, um programa mundial de fortalecimento da ética e integridade, interna e externamente. Criou uma estrutura dentro de empresa que conta com suporte de auditores de fora. Com base no "compliance", quando a empresa encontra indícios de irregularidades, faz uma minuciosa investigação interna e leva proativamente o assunto às autoridades competentes.
Foi o que aconteceu com o suposto cartel no setor metroferroviário de São Paulo. Por meio de averiguações, a Siemens encontrou indícios de irregularidade. Forneceu --e continua fornecendo-- documentos para que as autoridades investiguem o caso.
Vale lembrar a previsão pela Lei Anticorrupção de um programa de leniência, pelo qual a administração pública estará autorizada a entrar em acordo com pessoas jurídicas dispostas a colaborar efetivamente com as investigações e o respectivo processo administrativo, desde que a cooperação resulte na identificação de envolvidos no suposto crime e no acesso rápido a informações e documentos que comprovem o delito sob investigação.
Essas medidas fazem com que o sistema legal brasileiro se equipare às práticas anticorrupção adotadas internacionalmente, principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido, reconhecendo que as empresas com programas eficazes de obediência às leis e dispostas a cooperar com as autoridades em investigações devem receber melhor tratamento, caso alguma irregularidade seja detectada.
Avaliados todos os pontos importantes, a nova Lei Anticorrupção será certamente mais um passo no combate à corrupção, adicionando novos elementos ou circunstâncias para a lista das infrações.

Marcelo Leite

folha de são paulo
ANÁLISE
Sítios deram apoio a tese polêmica sobre a ocupação da América
MARCELO LEITEDE SÃO PAULO
Houve um tempo em que o sítio arqueológico Boqueirão da Pedra Furada estava no epicentro de uma longa e azeda controvérsia científica: a antiguidade da ocupação humana das Américas. Que o Parque Nacional da Serra da Capivara esteja à beira de fechar é só mais uma oportunidade perdida na pátria das oportunidades perdidas.
A polêmica já teve como desfecho a quebra do chamado paradigma Clovis. O nome vem de um sítio no Novo México (EUA) que seria o mais representativo dos primeiros ocupantes do Novo Mundo.
Mais dogma que paradigma, a hipótese rezava que todas as populações pré-colombianas descendiam de caçadores-coletores da Ásia que teriam alcançado este continente por uma passagem de terra no estreito de Bering há 13 mil anos --e não mais.
A antropóloga Niède Guidon foi uma das primeiras a se levantar contra Clovis. Nos anos 1970, participou de um estudo científico pioneiro naquela região do Piauí, que conta com um milhar de abrigos cobertos de pinturas rupestres. Para ela, ali estavam os vestígios mais antigos do homem americano.
Guidon não teve entre arqueólogos o sucesso obtido --de início-- em criar o parque. Nunca conseguiu convencer a maioria dos especialistas de que os pedaços de carvão de Pedra Furada, datados de 50 mil anos atrás, tivessem feito parte de uma fogueira construída por mãos humanas e não fossem produto de um incêndio natural.
O Museu do Homem Americano em São Raimundo Nonato ainda fala em ocupação de 50 mil anos, mas isso não é levado a sério fora dali.
Clovis está enterrado. A teoria que vier a substituí-lo, porém, estará baseada nas datações de sítios como Monte Verde (Chile) ou Paisley (Oregon, EUA), que apontam para uma leva de migração 14 mil ou 15 mil anos atrás.
A última promessa da Serra da Capivara é a Toca da Tira-Peia, com artefatos datados de 22 mil anos atrás.
Mas como esperar que a pesquisa no sítio receba todos os recursos para tornar essa datação inquestionável, se nem o parque nacional o país se dispõe a sustentar?

Mônica Bergamo

folha de são paulo

Viagem de chefe do Ministério Público em plena crise no Maranhão causa insatisfação

DE SÃO PAULO
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Em plena crise da segurança no Maranhão, a ausência da chefe do Ministério Público do Estado despertou a insatisfação de membros da instituição. De férias na Europa, Regina Almeida Rocha postava fotos em seu perfil no Facebook em Portugal e Espanha, ao lado da família. Reclamando de negligência e prejuízo à imagem do órgão, um grupo de procuradores interveio para cobrar providências.
LONGE 2
"Depois de visitar todo o norte de Portugal, estou indo amanhã para Sevilha [na Espanha]", escreveu Regina na rede social, no dia 1º de janeiro. Em uma foto, ela segura sacolas de compras. "Ficamos insatisfeitos com a inércia. O Ministério Público deveria ter agido na linha de frente", diz a procuradora Themis de Carvalho. Junto com sete colegas, ela pediu a convocação de reunião extraordinária do conselho superior da instituição.
DE VOLTA
A chefe do Ministério Público, que voltou ao trabalho nesta semana, nega omissão. "Minha substituta [a procuradora Terezinha de Jesus Guerreiro] tomou as medidas necessárias." Segundo Regina, estão em curso ações para obrigar o Estado a reformar o complexo de Pedrinhas, abrir vagas no sistema e promover ressocialização dos presos. "Nós trabalhamos muito. Chego às 7h30 e não tenho horário para sair."
Los HERMANOS
Cursos de medicina da Argentina investem em publicidade para atrair estudantes do Brasil. O Instituto Universitário Italiano de Rosario, por exemplo, a 300 km de Buenos Aires, abriu matrículas (R$ 1.100) para turmas exclusivas de alunos brasileiros. Não há vestibular. A mensalidade é de R$ 1.600. Os argentinos vão competir com a Bolívia, que tem hoje 25 mil universitários vindos do Brasil.
LOS HERMANOS 2
Mensalidades mais baixas e facilidade de ingresso são atrativos dos cursos em países vizinhos. O Conselho Federal de Medicina alerta para os alunos analisarem bem o programa das faculdades estrangeiras. O risco é se formar no exterior e não conseguir revalidar o diploma aqui. No ano passado, dos 937 inscritos no exame exigido para o exercício da profissão no Brasil, apenas 50 passaram para a segunda fase.
MADE IN BRAZIL
Um novo protocolo internacional para o tratamento de tumores do fígado e vesícula será definido a partir de hoje em São Francisco, nos EUA, no maior congresso de câncer do aparelho digestivo.
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Do Brasil, participa o ACCamargo Cancer Center, apresentando os resultados de pacientes com metástase hepática: a equipe do cirurgião oncológico Felipe Coimbra reverte dois em cada três casos.

Estreia de "Muita Calma Nessa Hora 2"

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Bruno Poletti/Folhapress
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O humorista Bruno Mazzeo, que também faz parte do elenco, circulou pelo evento
PONTO TURÍSTICO
O Maracanã recebeu 35 mil turistas, desde outubro, quando foi reaberto à visitação. No tour pelo estádio, a maior atração são as camisas dos jogadores da seleção brasileira que venceram a Copa das Confederações 2013. O armário mais disputado para fotos é o de Neymar. Com ingresso a R$ 30, o roteiro rendeu R$ 742 mil, com média diária de 80% de lotação. Em razão da Copa do Mundo, as visitas serão suspensas entre 21 de maio e 21 de julho.
VILÃ DAS OITO
Depois da polêmica em torno de sua cabeleira ruiva, Marina Ruy Barbosa voltará ao horário nobre na novela que sucederá "Em Família". O autor Aguinaldo Silva escolheu a atriz para ser uma vilã, no papel da filha do casal protagonista, vivido por Lilia Cabral e Alexandre Nero.
BELÉM É AQUI
Radicados em São Paulo, os humoristas paraenses Victor Camejo, Osmar Campbell, Davi Mansur, Rominho Braga e Murilo Couto (de cima para baixo) atribuem à origem em comum parte do sucesso que fazem com as apresentações no clube Comedians.
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"Não ter a influência do eixo Rio-São Paulo no início foi uma vantagem. Conseguimos uma cara muito própria", conta Couto, 23, que virou comediante ao participar de concurso promovido na internet pelo apresentador Rafinha Bastos.
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Eles continuam a rodar o Brasil, em espetáculos em grupo e individuais. A trupe constata que a aceitação das piadas é sempre a mesma, seja entre descolados da capital paulista que frequentam a rua Augusta seja nos rincões do país. "No interior o público tende a ser um pouco mais conservador, mas não chega a ser uma mudança brusca", diz Couto.
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Já adaptados à vida paulistana, os paraenses costumam se encontrar fora do ambiente de trabalho para comer em "horários absurdos de quem rala à noite". Sentem saudade da família, dos pratos típicos e até "dos sanduíches vagabundos", brinca Couto.
CURTO-CIRCUITO
Toni Garrido, Paula Lima, Sandra de Sá e Izzy Gordon estreiam show com canções de Jorge Ben Jor e Tim Maia, hoje, no Club A. 18 anos.
A galeria Carré d'Artistes do shopping Higienópolis abre hoje ateliê de férias de verão para crianças.
Geraldo Alckmin fará a abertura do 1º Fórum Brasileiro de Shopping Centers, no dia 13, no Grand Hyatt.
com ELIANE TRINDADE (interina), JOELMIR TAVARES, ANA KREPP e MARCELA PAES