quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Claudio Weber Abramo

folha de são paulo
TENDÊNCIAS/DEBATES
O que fazer com o financiamento eleitoral
Proibir empresas de fazer doações eleitorais provocaria a transferência para o caixa dois de parte dos recursos que hoje transitam no caixa um
Desde 2002, a Transparência Brasil realiza o acompanhamento e análise metódicos do financiamento eleitoral no país. O resultado é publicado no projeto Às Claras (www.asclaras.org.br).
Conforme muitos têm apontado (este que escreve entre eles), a característica mais marcante do financiamento eleitoral é que, no Brasil, o grande eleitor é o dinheiro. A correlação estatística entre arrecadação e número de votos recebidos é sempre elevadíssima.
Nas duas últimas eleições, descontadas transferências cruzadas entre comitês, os totais arrecadados foram de R$ 3,9 bilhões em 2010 e R$ 5,3 bilhões em 2012. Esse dinheiro tem origem em quatro fontes: recursos públicos do fundo partidário, os próprios candidatos, pessoas físicas (excetuadas os candidatos) e empresas.
O fundo partidário tem aumentado sua participação: de 1% do total contabilizado em 2002, subiu a 20,9% em 2010 e a 22,6% em 2012. Os candidatos colocaram do próprio bolso (autodoações) 8,5% em 2010 e 18,6% em 2012. Há candidatos que literalmente compram sua eleição dessa forma.
Pessoas físicas contribuíram com 10,9% do total em 2010 e 22,6% em 2012. Não se trata, porém, de pessoas comuns. Nessas duas eleições, 92% das doações de pessoas físicas foram superiores a R$ 1.000. Boa parte desse dinheiro provém de empresários que não querem que suas empresas apareçam como doadoras, de parentes de candidatos e de outros financiadores alentados. As doações de pequena monta (menos de R$ 100) correspondem a parcela minúscula: cerca de 0,3% em 2010 e em 2012.
É fácil explicar por que essas doações são tão minguadas: o eleitor não confia nos políticos ou nas instituições legislativas. Esse é o problema mais fundamental da política brasileira, que não é arranhado pelo modelo de financiamento eleitoral.
As empresas privadas, as maiores contribuintes, doaram R$ 2,3 bilhões em 2010 (59,1%) e R$ 1,8 bilhão em 2012 (34,9%). Tais doações costumam ser radicalmente concentradas. Na campanha presidencial de 2010, 743 empresas doaram R$ 648 milhões. Cinco por cento das empresas (38) foram responsáveis por R$ 408,8 milhões (63,1%) do total. (Ver um apanhado geral sobre o financiamento, com atenção sobre o custo do voto, em www.excelencias.org.br/docs/custo_do_voto.pdf.)
Esse pano de fundo numérico deve servir como subsídio para as discussões sobre a proibição do financiamento eleitoral por empresas.
Em tese, o melhor seria que eleições não sofressem interferência financeira de empresas. Na prática, é ingênuo imaginar-se que uma proibição levaria ao fim dos fluxos financeiros privados. Como o interesse de empresas em influenciar a política e o interesse de candidatos e partidos em suplantar seus adversários existem a despeito de leis, o resultado de uma vedação seria transferir para o caixa dois parte dos recursos que hoje transitam no caixa um.
Outra ficção é que a proibição resultaria em menos corrupção, uma vez que políticos deixariam de ser devedores de empresas. Como se corromper agentes públicos tivesse como pressuposto lógico a existência de contribuição eleitoral. Empresas procuram direcionar decisões políticas e administrativas todo o tempo, e os agentes públicos achacam empresas independentemente de ter havido financiamento.
Valeria a pena contemplar possibilidades sem recair em fantasias. A primeira delas seria estabelecer um teto por empresa. Isso reduziria a disparidade entre doadores, enfraquecendo o poder dos mais poderosos. Com a vantagem de que, para os grandes doadores, é mais difícil canalizar dinheiro para o caixa dois.
Outra medida seria limitar as autodoações de candidatos ao mesmo patamar das pessoas físicas (hoje não há limite). As doações destas últimas também deveriam ser limitadas a um teto absoluto, e não como é definido hoje (10% sobre a renda declarada).
A fórmula de distribuição do fundo partidário também poderia ser alterada. Hoje, o montante que cada partido recebe é basicamente proporcional ao seu desempenho na eleição anterior. Essa fórmula tende a reforçar o status quo. Reparti-lo de forma diferente ajudaria a reduzir as desigualdades financeiras em eleições.

Kenneth Maxwell

folha de são paulo
Ópera-bufa
François Hollande, o presidente da França, está envolvido em uma autêntica ópera-bufa. Envolve sua mulher, Valérie Trierweiler, jornalista da revista "Paris Match", que até recentemente vivia com ele no Palácio do Eliseu como primeira-dama, e a nova amante de Hollande, a atriz Julie Gayet.
Disfarçado por um capacete e fazendo o percurso na garupa de uma motoneta dirigida por seu segurança, o presidente Hollande vem saindo do Eliseu pelo portão do jardim depois da meia-noite, em um curto percurso até a Rue du Cirque para encontros amorosos com Gayet.
Pela manhã, o segurança entrega uma sacola com croissants para o casal. Tudo isso foi exposto pela revista semanal de fofocas "Closer", em reportagem acompanhada por sete páginas de fotografias.
"Closer" está acostumada a esse tipo de polêmica. Publicou fotos da duquesa de Cambridge, Kate Middleton, tiradas de muito longe, em que ela tomava sol fazendo topless no Château d'Autet, no sul da França, em 2012. A família real britânica ficou indignada.
A revista foi processada por "violação de privacidade". A polícia francesa realizou buscas na Redação de "Closer" e um tribunal da França ordenou que a publicação entregasse todas as cópias digitais das fotos às autoridades.
É muito incomum que uma revista francesa tome um presidente do país como alvo desse tipo de investigação. O presidente François Mitterrand (1916-1996), por exemplo, tinha três famílias paralelas e dois filhos fora do casamento com mulheres diferentes, além dos dois com a mulher, Danielle. Mas, na época, is- so nunca apareceu na imprensa francesa.
Alega-se que o apartamento no qual Hollande realiza seus encontros com Julie Gayet pertença a Michel Ferracci, um "chefe da máfia da Córsega". Alega-se que Valérie Trierweiler se internou em um hospital sofrendo de "exaustão, depressão e extrema fadiga". Trierweiler não é uma figura popular. Ela é conhecida como "Rottweiler" por seus tuítes ciumentos contra Ségolene Royal, ex-líder do Partido Socialista, que, mulher de Hollande por 30 anos, teve com ele quatro filhos.
A classe política francesa diz que o caso é assunto privado. O presidente Hollande afirma o mesmo. Talvez seja, de fato. Ele queria tratar de assuntos mais sérios em sua entrevista coletiva na terça-feira. Mas o problema para Hollande é diferente. Ele se deixou retratar de um modo extremamente ridículo mesmo para os franceses. E para o presidente com os mais baixos índices de aprovação na história do país isso é um problema.
Hollande tem uma audiência com o papa Francisco marcada para 24 de janeiro. O papa já realizou maravilhas. Talvez ele consiga ajudar.

    Paula Cesarino Costa

    folha de são paulo
    De dia, falta água; de noite, luz
    RIO DE JANEIRO - O Carnaval carioca começou no final de semana passado e parece seguir o embalo daquele realizado em 1954. Foi um ano em que vários sambas e marchinhas atacaram mazelas sociais que até hoje dão rima.
    "Rio de Janeiro
    Cidade que nos seduz
    de dia falta água
    de noite falta luz".
    Poucos lembram a letra completa da marchinha "Vagalume", de Vítor Simon e Fernando Martins. Mas, em quase todo o verão --para não dizer em todos os meses do ano--, os dois últimos versos da estrofe são vivenciados por milhares de moradores.
    Foi lançado também em 1954 "Acende a Vela", de Braguinha ("Acende a vela, Iaiá/ que a Light cortou a luz.../ Ó seu inglês da Light/ A coisa não vai all right"), com ironias ao mesmo concessionário de energia que, no domingo passado, acrescentou Ipanema à longa lista de bairros sem energia na cidade.
    A Light, gerida atualmente pelo Grupo Cemig, justificou a falta de luz pelo roubo de centenas de metros de cabos. Roubar cabo é mais fácil que tirar copo da mão de bêbado?
    As marchinhas antigas falavam de panela vazia ou cantavam "falta isso, falta aquilo", "falta de tudo na vida". As de hoje são pouco conhecidas e divulgadas. Já os sambas-enredos esquecem a vida real. Despolitizados e desvinculados da realidade, preferem exaltar personalidades, patrocinadores ou falar das belezas naturais. Apenas o samba da São Clemente -- "Favela"-- pede "justiça para poder viver".
    Muita coisa mudou, a falta de comida não é o maior problema, políticos se alternaram no poder, privatizações foram feitas, os sambas andam mais rápido e têm versos insólitos. Soa incompreensível como um samba-enredo que, num país rico em água e com variada matriz energética, a segunda maior cidade ainda cante uma rima antiga de 60 anos.

    Pasquale Cipro Neto

    folha de são paulo
    'Arroz e galinha crua'
    E como é que se redige de forma que não sobre nenhuma ponta de dúvida? Depende. Se a ideia é fazer...
    Como faz quase semanalmente, o eminente advogado e escritor pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho, ex-ministro da Justiça, autor do premiadíssimo "Fernando Pessoa "" Uma Quase Autobiografia", escreveu-me na quinta-feira passada, depois de ler a coluna "O Maranhão", da qual ele gostou muito.
    Em sua mensagem, José Paulo faz referência aos textos em que me afasto da "gramática ou de como chame seu ofício". O suspeitíssimo "missivista" queria dizer que gosta muito dos textos que vão além da mera análise de fatos gramaticais.
    Em minha resposta ao caro José Paulo, eu disse que no artigo desta semana eu o citaria e que ele (o artigo) partiria de uma análise gramatical para chegar ao que de fato importa (o texto, a mensagem).
    Posto isso, vamos ao xis da questão, um título publicado recentemente pelo UOL: "Em cadeia superlotada, presos comem arroz e galinha crua". O que é servido cru aos presos? Só a galinha? Ou os dois alimentos?
    Vejamos o que diz a gramática: em casos como esse (dois substantivos seguidos de um adjetivo), o adjetivo pode concordar com a totalidade ou só com o último dos substantivos. Tradução: poderíamos ter, respectivamente, "arroz e galinha crus" ou "arroz e galinha crua".
    No primeiro caso, não há dúvida: os dois alimentos são crus; no segundo, pode-se até entender que só a galinha é crua, mas é perfeitamente possível entender também que os dois alimentos são crus. Vejamos outro exemplo análogo: "Ele se dedica ao cinema e à literatura italianos/italiana". No primeiro caso, nenhuma dúvida: o cinema e a literatura são italianos; no segundo... Bem, a explicação é a mesma que dei sobre "arroz e galinha crua".
    E como é que se redige de forma que não sobre nenhuma ponta de dúvida? Depende. Se a ideia é fazer o adjetivo referir-se aos dois substantivos, o melhor a fazer é flexioná-lo no plural ("arroz e galinha crus"; "cinema e literatura italianos"); se a ideia é fazer o adjetivo referir-se a apenas um dos substantivos, o melhor a fazer é colocar o adjetivo entre os dois substantivos, obviamente depois daquele que se quer qualificar ("Presos comem galinha crua e arroz"; "Ele se dedica à literatura italiana e ao cinema").
    Voltando à realidade, à triste realidade carcerária do Maranhão (que, cá entre nós, não é lá muito diferente da que se vê no resto do país), alguém talvez diga que a construção "arroz e galinha crua" não desperta dúvida, não, já que ninguém vai servir arroz cru a alguém. Epa! Peraí! Arroz cru é mais repugnante ou impossível do que galinha crua? A que ponto chegamos! A convivência com o descalabro brasileiro é tal que chegamos até a "esquartejar" a barbárie ("Galinha crua até que dá; arroz cru não dá" ou "Um dos dois crus até que dá; os dois, não"). Na vergonhosa barbárie chamada Brasil, nada, absolutamente nada de nada me surpreende.
    Está vendo, caríssimo José Paulo, como a gramática pode ampliar o ângulo de visão do texto e, assim, até "ajudar" a aumentar a inquietação do leitor, do ser humano? Mas dou-lhe razão. Os artigos cujo cerne é a análise de textos literários e da sua vinculação (ou não) com a realidade são mais interessantes.
    Em tempo: foram muitas as mensagens de leitores sobre o texto da semana passada. Alguns cobraram o meu "esquecimento" de outros brilhantes nomes do Maranhão, como Josué Montello, autor da obra-prima "Os Tambores de São Luís", o grande Aluísio Azevedo, autor de "O Cortiço", obra fundamental, o supercriativo Zeca Baleiro e o monumental João do Vale. Não foi esquecimento, não; foi falta de espaço mesmo. E é claro que a lista poderia ir bem mais longe. É isso.

    Clovis Rossi

    folha de são paulo
    Pedrinhas e loucuras alheias
    Desespero ante descontrole sobre a violência está levando a iniciativas que são pura alucinação
    Todos os acontecimentos relacionados direta ou indiretamente ao presídio maranhense de Pedrinhas são só a mais recente, talvez a mais gritante, evidência de que o Brasil está perdendo (ou já perdeu) o controle sobre a segurança pública.
    É mais justo dizer que em toda a América Latina a situação está escapando ou já escapou do controle, do que dá prova o fato de se tratar do subcontinente mais violento do mundo. Prova-o também o fato de que o descontrole leva a loucuras.
    Examinemos duas. Primeiro, El Salvador, que se encaixa na situação de Pedrinhas: para evitar que as quadrilhas organizadas (lá chamadas "maras") continuassem se matando como o fazem os presos do Maranhão, o governo intermediou uma trégua, em março de 2012, com o aval de ninguém menos que a Organização dos Estados Americanos.
    Em troca de melhores condições carcerárias (o que os presos de Pedrinhas também cobram), os líderes das bandas se comprometeram a diminuir o morticínio.
    Um mês depois da trégua, comemorou o então ministro da Justiça e Segurança Pública, David Munguía Payés: "Os homicídios diminuíram 50%. El Salvador era conhecido como o segundo país mais violento do mundo, com 14 homicídios por dia. Isso agora faz parte do passado."
    Se fosse verdade, seria o caso de recomendar o modelo salvadorenho ao menos para o Maranhão, se não para todos os Estados em que há guerra entre quadrilhas.
    Pena que não seja verdade: os homicídios de fato caíram, de 2.510 em 2012 para 2.391 em 2013, queda de 4,7%. Além de ser uma redução microscópica para um país tão violento, aumentou enormemente o desaparecimento de pessoas (de 545 para 1.070, ou mais 96,3%, sempre na comparação 12/13). Parece lógico supor que boa parte dos desaparecimentos são na verdade mortes cujas vítimas não apareceram.
    Detalhe relevante: os outros crimes continuaram, a ponto de 92,7% dos salvadorenhos terem sido vítimas de algum tipo de roubo ou extorsão, conforme disseram em pesquisa recente. No Maranhão, se chegaria a essa porcentagem?
    Logo, dar aos exércitos da criminalidade a condição de interlocutores válidos do Estado não resolve nada.
    Essa convicção parece estar na raiz do outro caso de loucura, o do México, em que, cansados da impotência do Estado ante o narcotráfico, grupos do Estado de Michoacán criaram forças de autodefesa que estão atacando os criminosos.
    Não duvido que muitos brasileiros, também cansados da violência e do fracasso do Estado em combatê-la, apoiariam esses "vigilantes", que até existem em vários Estados, mas na clandestinidade e sem líderes visíveis, ao contrário do México.
    Neste momento, está em curso uma tentativa do Exército mexicano de desarmar as autodefesas. Afinal, ceder a particulares o monopólio das armas que deveria ser do Estado é jogo altamente arriscado.
    Tudo somado, seria conveniente que o poder público brasileiro agisse com determinação, para evitar que proliferem iniciativas alucinadas como as de El Salvador e México. Já passou da hora.

    José Simão

    folha de são paulo
    Ueba! Rodízio de rolezinhos!
    Moda rolezinho: bermuda Cyclone, boné Quick Silver e tênis Mizuno de mil contos. Aí não entra no shopping!
    Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Facebook Urgente! Represália! Agendado um rolezinho de coxinhas em Heliópolis. No bar do Russo. Com manobrista e transmissão ao vivo pelo "Cidade Alerta"! E um participante: "Como é o asfalto lá? Meu Fusion é rebaixado". Rarará!
    E agora, no shopping, só entra de polo com gola levantada! A Folha publicou a moda rolezinho: bermuda Cyclone, boné Quick Silver aba reta e tênis Mizuno de mil contos. Aí não entra! "Dress code" pra ser barrado! Agora é ao contrário: tem "dress code" pra ser barrado!
    E adorei a charge do Pelicano com um PM segurando um cara pela gola: "Pegamos um suspeito de rolezinho, tava circulando pelo shopping sem qualquer cartão no bolso".
    E o chargista Ota revela: família Sarney faz rolezinho no inferno. O diabo: "O que vocês estão fazendo aqui? Ainda não chegou a hora de vocês!". E a família Sarney: "Só viemos dar um rolezinho no inferno". Tumultuar o inferno! Rarará! E todos de bigode, criança, velha!
    E a manchete do Piauí Herald: "Juventude tucana marca rolezinho no Capão Redondo". E já estão com um outro rolezinho agendado no Facebook: periferia de Miami! Rarará!
    E o Alckmin vai lançar o rodízio de rolezinhos! E o Haddad vai criar faixa exclusiva pra rolezinhos dentro dos shoppings! Picolé de Chuchu, sempre antenado, lança o rodízio de rolezinhos! Isso mesmo! Alckmin lança rodízio de rolezinhos. E o Haddad vai criar faixas exclusivas pra rolezinhos dentro dos shoppings!
    E eu já disse que a PM chama bala de borracha de "munição elastômera". Já imaginou? "Cuidado, lá vem uma munição elastômera." PUNF! Rarará!
    E já tem rolezinho gospel: "Jovens fazem rolezinho evangélico em shopping de Cascavel". Todos com Bíblia na mão, ocuparam as mesas da praça de alimentação e ficaram lendo por uma hora!
    É mole? É mole, mas sobe!
    E vai ter rolezinho em desagravo à repressão ao rolezinho. Rolezinho do rolezinho! Rolezinho de gente consciente. Rolezinho cabeça! Rarará! Então temos três tipos de rolezinho: rolezinho dos manos, rolezinho dos coxinhas e rolezinho cabeça! E o Cauã Reymond tá fazendo uma ROLAZINHA na Globo! Rarará!
    Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje, só amanhã!
    Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

    Mônica Bergamo

    folha de são paulo

    Famílias do Pinheirinho vão receber 1.700 moradias do Minha Casa Minha Vida


    Dois anos após a ação de reintegração de posse do Pinheirinho, a construção de 1.700 casas para as famílias que viviam na área em São José dos Campos (SP) será anunciada nas próximas semanas. A assinatura do convênio entre os governos federal, estadual e municipal depende da agenda da presidente Dilma Rousseff. O empreendimento, que faz parte do Minha Casa Minha Vida, deverá ter investimento de R$ 129,2 milhões da União e R$ 34 milhões do programa Casa Paulista, do governo estadual.
    PINHEIRINHO 2
    A prefeitura dará a infraestrutura. O conjunto habitacional terá escola, creche, área de lazer e comércio. A construção está prevista para começar em março e terminar em 15 meses. "Para a gente, o mais importante não é a cerimônia com as autoridades. É a obra começar logo", diz Valdir Martins, o Marrom, líder das famílias que foram retiradas em uma operação policial marcada pela violência.
    HOMENAGEM
    Cada família recebe auxílio mensal de R$ 500 para aluguel. Futuros moradores serão recrutados para trabalhar nas obras. O novo bairro vai se chamar Pinheirinho dos Palmares, em referência ao quilombo da era colonial e também a uma praça com o nome de Zumbi dos Palmares que existia na antiga comunidade. "Queremos ainda manter os nomes de ruas em homenagem a ícones como Dorothy Stang, Santo Dias, Nelson Mandela", diz Marrom.
    Zé Carlos Barretta/Folhapress
    MARCA REGISTRADA
    Quando o stylist Luis Fiod, 38, abriu sua agência de comunicação especializada em moda, em 2000, o nicho era novidade. "Ninguém entendia o que eu estava fazendo. Hoje, é normal tudo ser segmentado."
    *
    Ele está por trás do figurino da apresentadora Eliana, faz consultoria para marcas de luxo e editoriais para revistas. "Imprimo meu estilo sofisticado e global em tudo, mas sempre levo em consideração o que o cliente quer."
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    Também publicitário, Fiod diz que ser stylist é menos glamour e "mais trabalho duro".
    BOLA FORA
    Alexandre Pato rescindiu o contrato com a marca Triton. O jogador, que estrelaria a próxima campanha, já havia feito as fotos do catálogo, mas desistiu da empreitada dias antes do Natal. De acordo com assessoria da grife, o corintiano não deu justificativa para a rescisão. O valor do contrato não foi informado. Procurados pela coluna, o agente e os assessores de Pato e do Corinthians não se manifestaram sobre o caso.
    BOLA FORA 2
    O jogador cancelou participação em um desfile da Triton na SPFW, após perder um pênalti decisivo na Copa do Brasil, em outubro do ano passado, e ser bastante criticado pela torcida. Ao participar do ensaio ao lado da atriz Fiorella Mattheis e da modelo Yasmin Brunet, Pato fez comentários empolgados no Instagram sobre sua experiência como modelo. Agradeceu à marca e elogiou o profissionalismo das duas.

    Estreia da peça "A arte da Comédia"

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    Greg Salibian/Folhapress
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    O ator Ricardo Blat, indicado ao Prêmio Shell 2013, recebeu convidados na estreia da peça "A Arte da Comédia", no sábado (11), no teatro do Sesc Santana
    RIR É O REMÉDIO
    O ator Ricardo Blat, indicado ao Prêmio Shell 2013, e o diretor Sergio Módena receberam convidados na estreia do espetáculo "A Arte da Comédia", no teatro do Sesc Santana. A atriz Neyde Veneziano esteve na plateia.
    O CARA
    Pelé será anunciado hoje, em Dubai, como o embaixador global da Emirates Airline neste ano. A companhia aérea, uma das patrocinadoras oficiais da Copa do Mundo, vai explorar a imagem do Rei do Futebol em suas campanhas publicitárias.
    *
    Para ir de Zurique, na Suíça, onde recebeu homenagem no prêmio Bola de Ouro, à capital dos Emirados Árabes, Pelé viajou pela empresa em um A380, a maior aeronave de passageiros em operação no mundo.
    DIGA QUE VALEU
    Bell Marques fará o último show de palco como vocalista do Chiclete com Banana no dia 27 de fevereiro, no Camarote Salvador. Após o Carnaval baiano, o cantor vai seguir carreira solo. Foi no mesmo local, no ano passado, que a banda se apresentou pela primeira vez fora de trios elétricos durante a folia.

    Lançamento de coleção da Ornare

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    Bruno Poletti/Folhapress
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    Os empresários Esther e Murillo Schattan fizeram coquetel anteontem para lançar coleção da Ornare na terça (14)
    MOBÍLIA DE GRIFE
    Os empresários Esther e Murillo Schattan fizeram coquetel anteontem para lançar coleção da Ornare. O chef de cozinha Emmanuel Bassoleil e a arquiteta Maite Maiani compareceram. Também foram ao evento a arquiteta Patricia Anastassiadis e o designer Zanini de Zanine, dois dos profissionais que desenvolveram a nova linha de móveis.
    CURTO-CIRCUITO
    Tiago Abravanel canta hoje com a Big Time Orchestra, às 22h30, no Bourbon Street. 18 anos.
    A ONG Ampara Animal lança calendário com fotos de famosos e bichos. Hoje, às 19h, na Fnac da Paulista.
    A missa de sétimo dia de Marly Marley será hoje, às 19h30, na Igreja Imaculada Conceição, na Bela Vista.
    com ELIANE TRINDADE (interina), JOELMIR TAVARESANA KREPP e MARCELA PAES 

    'Mulher não tem prazo de validade', diz Dira Paes, 44

    folha de são paulo
    'Mulher não tem prazo de validade', diz Dira Paes, 44
    Atriz rouba a cena ao aparecer sem roupa na minissérie 'Amores Roubados'
    Na trama, que termina amanhã, ela é Celeste, mulher sensual que trai o marido rico com um Don Juan sertanejo
    ISABELLE MOREIRA LIMADE SÃO PAULO
    Embora seja uma veterana com mais de duas décadas de trabalho no cinema e na TV, parece que a atriz Dira Paes, 44, só foi descoberta na semana passada, ao atuar, sem roupa, na minissérie "Amores Roubados", na Globo. Virou paixão nacional.
    Na produção, que chega ao fim amanhã, a atriz interpreta Celeste, uma mulher casada com Deodoro Cavalcanti (Osmar Prado), o "rei da manga" de Sertão, cidade fictícia onde se passa a história. E é logo ela a primeira a cair na rede do Don Juan Leandro (Cauã Reymond).
    Em uma das cenas mais quentes, ao sair do banho, ainda molhada e despida, desenha um coração de batom no peito do amante.
    Estevam Avellar/Divulgação/TV Globo
    A atriz Dira Paes nos bastidores da gravação da minissérie 'Amores Roubados', da Globo
    A atriz Dira Paes nos bastidores da gravação da minissérie 'Amores Roubados', da Globo
    Dira diz que não esperava tamanha repercussão.
    "Realmente foi acima das minhas expectativas", diz a atriz paraense, que afirma ter ficado feliz com a repercussão do trabalho.
    "Está sendo muito positivo. As pessoas me reconhecem por outros personagens que já fiz. Agora, me chamam de Celeste, mesmo sendo um personagem que está na televisão há uma semana."
    Sobre o recém-alcançado status de símbolo sexual, Dira diz que "mulher não tem prazo de validade".
    "É ótimo para a autoestima, mas não me deixo levar pela vaidade", afirma. "Costumo aceitar papéis desafiadores, e o que mais me estimula é representar os mais diversos tipos de mulheres."
    SEM DIETA
    A atriz afirma que não fez preparação especial ao saber que teria cenas de nudez, não malhou, nem mudou a dieta.
    "Meu corpo é assim e eu sempre me cuidei, mas os personagens o evidenciam, cada um da sua forma."
    Dira afirma que, no caso de Celeste, a sensualidade está mais no olhar, na intenção. "Ela não é vulgar, mas é uma mulher que sabe se valorizar", opina.
    Editoria de Arte/Folhapress
    De acordo com a atriz, no entanto, sua preocupação maior foi dar destaque ao lado solitário da personagem. "Trabalhei muito na solidão da minha Celeste, pois uma pessoa cheia de segredos é uma pessoa solitária."
    Segundo Dira Paes, mesmo nos últimos capítulos ainda há o que esperar de seu personagem. "O público conheceu a Celeste entre quatro paredes e depois uma versão social. Vai aparecer uma terceira Celeste."
    Agora, a atriz filma o longa-metragem "Saias", de Gustavo Acioli, em que vive uma senadora. O projeto, diz ela, fará uma crítica bem-humorada aos políticos corruptos, àqueles que os cercam e ao que chama de "sociedade machista e 'démodé'". "Qualquer coincidência é mera semelhança", afirma

    Contardo Calligaris

    folha de são paulo
    Crianças transtornadas ou mimadas?
    Procurar as razões do déficit de atenção leva tempo, mas prescrever uma pílula leva um minuto
    Nas áreas urbanas do mundo ocidental, entre 8 e 10% das crianças do primeiro ciclo são diagnosticadas com TDA/H (Transtorno do Déficit de Atenção --com ou sem Hiperatividade). O que significa, grosso modo, que elas não conseguem focar, são constantemente distraídas e, quando hiperativas, não param de se movimentar.
    Sabe aquelas crianças que, na hora de ler ou estudar, são atormentadas por coceiras irresistíveis, rolam de um lado para o outro da cama, batucam, acham que a camiseta está apertada ou que é urgente abrir a janela (ou fechá-la)? Pois é, essas mesmo.
    Elas atrapalham a classe inteira, exasperando pais e professores. E, de fato, o transtorno é, antes de mais nada, uma queixa dos adultos, os quais, às vezes, pedem que médicos, psicólogos e pedagogos façam "alguma coisa" --pelo amor de Deus.
    Mas não só os adultos pagam a conta: as crianças com déficit de atenção e hiperativas não aprendem a metade do que aprenderiam se ficassem sentadas e focadas. Várias experiências mostram que só é possível combinar pensamento (ou aprendizado) com agitação física à condição de ser um pensador (ou um aluno) medíocre.
    Alguns dizem que tudo isso acontece porque não sabemos mais disciplinar nossas crianças. Não queremos correr o risco de contrariá-las e de perder seu amor e, com isso, somos absurdamente permissivos; logo, insatisfeitos com nossa própria permissividade, tentamos corrigi-la com erupções de severidade descabida. Essa alternância piora a tensão e a agitação física e mental das crianças.
    Enfim, diante do TDA/H, três estratégias possíveis:
    1) sugerir mudanças no comportamento das crianças e dos adultos ao redor delas (há pequenos gestos que fazem uma diferença: organizar o trabalho escolar, acalmar e ordenar o ambiente familiar, desligar a TV durante as refeições...);
    2) entender os conflitos internos que talvez se expressem na falta de atenção e na hiperatividade da criança e tentar intervir;
    3) medicar (descobriu-se que os melhores remédios não eram calmantes, mas estimulantes como Ritalina ou Dexedrina).
    No começo dos anos 1990, nos EUA, uma grande (e apressada) pesquisa chegou à conclusão de que medicar era o caminho mais eficiente --certamente, era o mais barato.
    Hoje, vários autores daquela pesquisa duvidam de suas próprias conclusões. Lamentam, por exemplo, que a gente, apostando nos remédios, tenha deixado de se ocupar do resto, que talvez fosse mais importante a longo prazo ("New York Times" de 30/12/2013).
    Mas o artigo do "NYT" não é uma novidade: numa matéria da "Der Spiegel" em 2012 (http://migre.me/hqR7i), Leon Eisenberg, um papa da psiquiatria norte-americana, encorajava os psiquiatras a voltar a se interessar pelas "razões psicossociais" que levariam a um "problema de comportamento", como o TDA/H. Infelizmente, ele comentava, o interesse por essas questões leva tempo, enquanto prescrever uma pílula é coisa de um minuto.
    Nota aparte: para muitas crianças diagnosticadas com TDA/H, a falta de atenção depende da atividade na qual elas se engajam. Quase nunca falta a concentração exigida por um videogame, como não faltam a atenção esperada do goleiro ao longo de uma partida ou a paciência do surfista que aguarda uma onda, no fundo. Ou seja, o déficit de atenção não é uma inaptidão cerebral.
    Mas a pesquisa dos anos 1990, abençoando o uso sistemático da medicação, atrasou o trabalho de todos, terapeutas comportamentais, psicanalistas etc.
    Um artigo de 2007 (http://migre.me/hqROf) retoma uma tese antiga, que insiste desde os anos 1990, e que fala mais dos efeitos do TDA/H do que de sua origem: o TDA/H lutaria contra o sentimento de rejeição pelos pares, porque pensar é uma atividade solitária (com riscos de discórdia), enquanto é rápido e fácil se enturmar ao redor de ações e movimentações físicas.
    Enfim, resta um círculo vicioso clássico. Tal criança morre de tédio assim que abre um livro ou entra num museu; agora, sem cultura para enriquecer a experiência, é a vida dela inteira que se tornará mortalmente chata --inclusive a agitação que deveria garantir a distração.
    Aviso: vou tirar umas férias --jeito de falar: vai ser para focar melhor, não para me distrair (sempre acho bizarro querer se distrair --de quê?). A coluna volta no dia 6 de fevereiro. Bom começo de ano a todos.

    Janio de Freitas

    folha de são paulo
    Os homens de preto
    Shopping não é um lugar para bandos de homens armados, pois eles põem em risco inúmeras vidas
    Meia dúzia de jovens, todos em atitudes descontraídas, mãos à vista e vazias, exceto as de dois deles que seguram copos de lanchonete. A legenda da foto, na Folha de ontem, diz que "Seguranças abordam jovens no shopping Internacional de Guarulhos". São quatro homens, três com os sinistros ternos e gravatas pretas que hoje valem como uniforme de trogloditas, todos com o cabelo baixinho de tira americano e executivo brasileiro. Entre os dois grupos, mesas e cadeiras. Mas não é tudo.
    Apesar da pouca nitidez, não é necessária muita atenção para notar que um dos homens tem na mão direita uma pistola, dedo sobre o gatilho, e um outro aparentemente faz o mesmo. Por quê? Porque esses homens não deviam estar armados, mas estão. Porque, está evidente, não têm preparo para portar arma sem representar insegurança para os circunstantes, mas são os encarregados da segurança. Porque shopping não é lugar para bandos de homens, preparados ou não, estarem armados, se ali a perseguição armada a um assaltante põe em risco, mais do que o ladrão, inúmeras vidas alheias. Não é lugar para eles, mas ali estão eles.
    Com suas armas, e ansiosos para sacá-las por nada, e capazes de usá-las só porque as têm. Os exemplos já são muitos. As condições são muito favoráveis a aumentá-los. Sem problema, antes ou depois.
    EM DÍVIDA
    A atenção atraída pelo presídio maranhense de Pedrinhas encobre o fato de que foi o Presídio Central, em Porto Alegre, o objeto da exigência de medidas corretivas feita ao Brasil pela OEA com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Já as primeiras investigações indicam, porém, que o caso gaúcho é mesmo gravíssimo. Assassinatos de presos registrados como efeito de doenças que as vítimas nunca tiveram, ao menos 23 homicídios entre 2011 e 2013, uso abundante de drogas, maus tratos generalizados.
    O governador gaúcho Tarso Genro guarda, a respeito, silêncio proporcional à omissão que, na 1ª Vara de Execuções Criminais, já foi citada como "conivência do Estado" com o domínio do crime no sistema penitenciário. O silêncio pode convir à sua instável situação eleitoral, mas não é só ao eleitorado local que Tarso Genro deve responder. Até por se tratar, também, de um ex-ministro da Justiça, no governo Lula.
    UM CRIVO
    São mínimas, se existirem, as probabilidades de que os procuradores da República recuperem o poder de abrir inquérito, por sua própria decisão, contra o que presumam serem crimes eleitorais. O pedido de reconsideração da medida, feito pelo procurador-geral Rodrigo Janot, contraria a eloquência dos votos que impuseram o pedido de autorização de inquérito ao juiz eleitoral: houve só um voto contrário à proposta do ministro Dias Toffoli, o do ministro Marco Aurélio, no Tribunal Superior Eleitoral.
    O recurso já previsto por Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal, tem melhor perspectiva aritmética, mas insuficiente para prometer êxito. Os ministros que já passaram pelo TSE tendem a considerar que a alta quantidade de processos derrubados advém de frequente mau uso, por falta de um crivo judicial, da livre iniciativa de procuradores.
    Não necessariamente por influência política, mas sem que ela seja raridade. Lá pelo Norte e o Centro-Oeste, sobretudo.