quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Rede pública terá teste de HIV pela saliva

folha de são paulo
Exame será realizado por 40 ONGs capacitadas pelo governo a partir de março de 2014
JOHANNA NUBLATDE BRASÍLIAO Ministério da Saúde informou ontem que vai incluir na rede pública de saúde um teste de diagnóstico do vírus HIV por meio de fluidos orais (retirados da gengiva e da mucosa da bochecha).
Trata-se de um novo tipo de teste de diagnóstico rápido --o resultado sai em 30 minutos -- e funciona como uma forma de triagem, precisando de uma confirmação posterior com outros testes de HIV. O novo exame se soma ao que já é oferecido na rede pública e depende de um furo no dedo.
Outra diferença do teste por fluidos orais é que ele dispensa a presença de um profissional de saúde.
A partir de março, o novo teste será usado por 40 ONGs capacitadas pelo Ministério da Saúde, com foco nas populações mais vulneráveis ao HIV: gays, profissionais do sexo, usuários de droga, moradores de rua, presos e travestis e transexuais.
Segundo Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do ministério, a nova tecnologia é um autoexame, semelhante a um teste rápido de gravidez, que vai ser usado pelas ONGs que já desenvolvem um trabalho com o público-alvo. As primeiras testagens serão acompanhadas pelo ministério, diz.
A previsão da Saúde é que, a partir do segundo semestre, o teste por saliva desenvolvido pela Fiocruz seja ofertado pelas farmácias da rede pública e a quem quiser. Farmácia privadas poderão vender testes semelhantes.
ATENDIMENTO
A nova tecnologia levanta dúvidas em parte do movimento social que atua no combate à Aids, particularmente com relação à demora na recepção, no serviço de saúde, das pessoas com teste positivo.
"Precisa estar muito certo como vai ser o encaminhamento da pessoa com resultado positivo. Tem Estado que demora meses para a primeira consulta", diz José Hélio Costalunga, que representa as pessoas vivendo com HIV/Aids na CAMS (Comissão Nacional de Articulação com Movimentos Sociais).
Costalunga diz que não há consenso sobre o tema dentro do movimento social. "Não digo que não pode fazer. Mas é um problema de direitos humanos, a pessoa pode não ter consulta marcada para 30, 45, 60 ou 90 dias."
MAIS UMA OPÇÃO
O Ministério da Saúde diz que o novo teste é apenas mais uma opção. "A pessoa que quer receber o aconselhamento [mais aprofundado] tem o direito e pode ir ao centro de saúde. Mas quem quer fazer em casa tem o direito", afirma Barbosa.
De acordo com o ministério, os testes ofertados nas farmácias trarão uma bula com informações sobre o teste e orientações caso o resultado dê positivo. Haverá, inclusive, um número de telefone para onde ligar em caso de dúvidas.
Em 2009, o ministério emitiu um alerta sobre testes rápidos que eram realizados por ONGs no Brasil, dizendo que não havia protocolos nacionais sobre essa forma de diagnóstico. Barbosa diz que, à época, havia dúvidas sobre a qualidade dos resultados, receio que foi afastado.
Em portaria publicada nesta quarta, o ministério atualiza os testes de diagnóstico do HIV. Incluiu, além do exame por fluidos orais, um teste mais rápido para a confirmação do primeiro exame positivo para o HIV.

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