segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Em sua 14ª edição, Big Brother Brasil tenta ganhar audiência dando mais espaço a comportamentos ousados

folha de são paulo
Libbberou Geral
Em sua 14ª edição, Big Brother Brasil tenta ganhar audiência dando mais espaço a comportamentos ousados
ALBERTO PEREIRA JR.EDITOR DO "F5"Na estreia do "Big Brother Brasil", em janeiro, Pedro Bial apresentou a 14ª edição do reality show da Globo como a temporada da paixão.
Mais do que o sentimento, a atração tem mostrado uma sucessão de comportamentos liberais e quebras de tabus na emissora.
No "BBB14", já não surpreende ver participantes tomarem banho nus, fazerem striptease e sexo.
Um romance lésbico --o primeiro da história do programa brasileiro-- antecedeu até mesmo o polêmico beijo gay no final da novela "Amor à Vida".
Para Bruno Campanella, autor de tese de doutorado sobre o "BBBl", o maior exibicionismo dos participantes se deve a "uma ampliação das fronteiras da sociedade".
Professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), ele se refere a transformações exemplificadas pelas conquistas LGBT e pelos protestos. "Imagino que há dez anos esse mesmo grupo de confinados não mostraria as mesmas atitudes."
O psiquiatra Marcelo Arantes, que esteve no "BBB8" (2008), também vê como "tendência natural" o "afrouxamento moral dos confinados". "Eles precisam de visibilidade, então abusam de recursos próprios. Durante a seleção, a produção especula o que cada um pode fazer ali, e escolhe os mais ousados."
Segundo Arantes, não há orientação da direção do programa sobre nudez e sexo. "Mas eles tocam a sirene, quando acham que alguém está falando algo impróprio. Dispararam para mim quando mencionei a participação de gays nas Forças Armadas."
AUDIÊNCIA
Segundo Susan Mello, do site De Cara pra Lua, especializado na cobertura do reality, a montagem do elenco atual buscou tipos mais ousados para ganhar audiência.
Além de modelos e marombados, o "BBB14" conta com uma stripper profissional, Clara Aguilar. Na casa, ela engatou namoro com Vanessa Mesquita, que já apresentou um talk show erótico. "Claro que é para ter mais ibope, mas será que está conseguindo?", questiona Mello.
Nos seus 30 primeiros dias, o "BBB14" registrou média de 25,4 pontos no ibope. Cada ponto equivale a 65 mil domicílios na Grande São Paulo. No mesmo período, em 2013, o reality marcou um ponto a menos, com 24 pontos. Os 30 dias inicias do "BBB12" (2012) marcaram 27 pontos.
O aumento de cenas ousadas no programa ainda não gerou denúncias. Consultado pela reportagem, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro informou que, até o momento, essa edição conta com uma representação, motivada por um comentário de teor considerado racista de Cássio Lanes.
Folha procurou o diretor de núcleo do "BBB14", Boninho, e o apresentador Pedro Bial para comentar a reportagem. Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Globo respondeu que o reality "apresenta sempre inovações, e isso inclui a formação de casais, as alianças entre os participantes, as desavenças, as festas, as provas".
    Fora do Brasil, reality show é mais liberal
    DE SÃO PAULOEm 2012, público e participantes do "BBB 12" reagiram com surpresa ao desprendimento de Noemí Merino. Num intercâmbio entre a atração da Globo e seu congênere da Espanha, a jovem não se intimidou: trocava-se e tomava banho completamente nua. A prática, segundo ela, era comum entre os concorrentes de seu país.
    Em um de seus indefectíveis discursos, Pedro Bial resumiu o ineditismo do comportamento em solo nacional. "Nossa hóspede vem nos demonstrando que, para trocar de roupa no Big Brother', não é preciso fazer contorcionismo sob os edredons."
    Também no "BBB12", Daniel Echaniz foi expulso por ter praticado suposto abuso sexual contra Monique Amin. O caso chegou a ser investigado pela polícia, mas foi arquivado, após a jovem declarar que o ato foi consensual.
    Na África do Sul, em 2007, comportamento semelhante de um jogador não motivou expulsão, e ele venceu o programa.
    Com presença em cerca de 40 países, o "Big Brother" mundo afora é mais liberal, diz o estudioso Bruno Campanella. "A cultura latina é conservadora. Até topless na praia é questão controvertida no Brasil."
    Sexo diante das câmeras, troca de casais e até orgias já foram realizadas nas versões alemãs, inglesas e norte-americanas do programa. Na Dinamarca um casal de ex-participantes declarou ter concebido o filho dentro do reality, em 2003.

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