quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Putin é um órfão traumatizado e com tendências gays, diz escritor


Putin é um órfão traumatizado e com tendências gays, diz escritor

Matthias Schepp

  • Mikhail Klimentyev/RIA-Novosti/AFP
    4.out.2013 - Presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa de encontro do seu partido em Moscou
    4.out.2013 - Presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa de encontro do seu partido em Moscou
Em um novo livro, um cientista político descreve Vladimir Putin como um órfão traumatizado, com supostas tendências homossexuais e uma enorme fortuna. O Kremlin negou as alegações, chamando-as de insinuações infundadas.

Para seus partidários, o presidente russo Vladimir Putin é o salvador da pátria. Para seus adversários, ele não passa de um tirano implacável. Nos telegramas diplomáticos vazados pelo WikiLeaks, ele é comparado ao super-herói Batman; a revista empresarial norte-americana "Forbes" acaba de selecioná-lo como uma das pessoas mais influentes do planeta. No entanto, há uma coisa que praticamente ninguém reivindicou antes: que o governante do maior país do mundo (em território), com 143 milhões de habitantes, armas nucleares e grandes quantidades de recursos naturais, é na realidade um fraco patético.

Mas o cientista político de Moscou Stanislav Belkovsky, 42, alegou exatamente isso em seu novo livro, cujo subtítulo promete nada menos que "toda a verdade sobre Putin". As editoras russas evitaram publicar a obra escandalosa. Belkovsky vem se chamando a atenção há anos, fazendo repetidamente suas reivindicações descaradas e picantes sobre Putin. Muitos até acreditam que o repórter conta com a proteção de altos membros da comunidade de inteligência russa.

Belkovsky, colunista de um tabloide de Moscou, acredita que a chave para a compreensão de Putin está em sua infância infeliz.

"O pequeno Vladimir, que cresceu praticamente sem pai e sem o amor e o carinho dos pais, foi uma criança triste e retraída", escreve o cientista político. De acordo com esta versão dos acontecimentos, Putin é filho de um alcoólatra, nascido dois anos antes da data oficial de seu nascimento. Sua mãe mudou-se para a Geórgia com Vladimir, mas, pouco tempo depois, a criança foi enviada para Leningrado, onde foi criada por aqueles que se tornaram os pais oficiais do futuro presidente.

Belkovsky não fornece provas, como cópias do registro de nascimento. Em vez disso, ele fala sombriamente sobre a misteriosa morte de um jornalista investigativo famoso que vinha tentando desvendar o mistério em torno do nascimento de Putin, antes de ser morto em um acidente de avião privado. De acordo com Belkovsky, Putin passou toda a sua vida adulta em busca de uma família substituta. Em Boris Yeltsin, ele viu um pai substituto e no oligarca proprietário de clube de futebol Roman Abramovich, que é órfão, viu um irmão substituto.

Putin foge das pessoas

Além disso, escreve Belkovsky, Putin é um político profundamente solitário que quase teve que ser forçado à presidência, tem que ser pressionado para tomar decisões e prefere passar seu tempo livre com animais, devido ao medo que tem das pessoas. As muitas fotos machistas que mostram Putin voando em veículos de neve ou posando com tigres supostamente anestesiados por ele não são parte de uma cínica campanha de relações públicas, e sim um olhar profundo para a alma do presidente, argumenta o autor. "É aí que reside o verdadeiro Putin. Ele foge das pessoas e de suas obrigações para a natureza", escreveu Belkovsky. "Aqui temos os melhores amigos de Vladimir: o labrador Conny e o cão pastor búlgaro Buffy, seus únicos companheiros de quarto na residência presidencial".

Isso é pseudo-psicologia barata. No entanto, as agências de inteligência ocidentais, os diplomatas e os especialistas em Rússia estão interessados em duas partes da teorias de Belkovsky em particular: a suposta fortuna fabulosa de Putin e sua vida sexual. De acordo com Belkovsky, o caso de Putin com a bela ex-ginasta e campeã olímpica Alina Kabaeva nada mais foi do que uma invenção de seus assessores de relações públicas. Eles pintaram uma imagem de Putin como "macho com potência sexual", a fim de esconder que, para Putin, "o sexo e a vida sexual são estranhos", ou mesmo que ele é "gay latente", especula Belkovsky.

Uma foto tirada em 2007 na qual a reputação de Putin como "ícone gay" foi estabelecida supostamente serve como evidência para esta especulação de homossexualismo, como se fosse uma "sessão de fotos eróticas em que Putin e o príncipe Albert de Mônaco posaram sem camisa com suas varas de pescar nas mãos". O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov rejeitou categoricamente esta acusação, assim como a suposta fortuna ou a falsificação da data de nascimento. "Os comentários de Belkovsky não têm base ou, como dizemos na Rússia: são um lixo total", disse Peskov.

O próprio Belkovsky parece estar ciente de que está patinando em gelo fino com suas especulações sobre as possíveis tendências homossexuais do chefe do Kremlin e escreve: "Para os meus leitores advogados", é preciso notar que "um ícone entre homossexuais não é automaticamente um homossexual".

Belkovsky também dedica várias páginas à vida privada das duas filhas de Putin, Mariya, 28, e Ekaterina, 27, que o presidente sempre tentou proteger dos olhos do público. Mariya teve um romance com um arquiteto holandês. Quando ele foi forçado a se jogar em uma vala por uma comitiva blindada de um banqueiro de Moscou, levou apenas 15 minutos para que os culpados fossem presos. O comandante da operação que teve a velocidade de um relâmpago mais tarde foi nomeado ministro do Interior de Putin, enquanto o banqueiro foi imediatamente condenado a sete anos de prisão e agora "tem uma boa oportunidade para refletir sobre o silencioso arquiteto holandês", escreveu Belkovsky.

Mansão de luxo no Mar Negro

A segunda filha de Putin, Yekaterina, mora com o filho de Nikolai Shamalov, um amigo de longa data de Putin. Shamalov é conhecido nos círculos empresariais russos e alemães como mediador de grandes contratos entre as autoridades russas e ocidentais, ganhando o seu dinheiro com negócios na indústria médica.

No final de 2010, um dos parceiros de negócios de Shamalov afirmou em uma carta aberta ao então presidente Dmitriy Medvedev que um palácio de centenas de milhões de euros estava sendo construído perto da cidade de Sochi, onde os Jogos Olímpicos de Inverno ocorreriam no ano seguinte, "para o uso privado de Putin". Ele alegou que Shamalov financiou a construção como uma espécie de administrador de Putin.
O porta-voz de Putin respondeu prontamente, dizendo que o presidente russo não tinha nada a ver com a mansão magnífica no Mar Negro. Belkovsky agora afirma que o palácio se destinava à filha de Putin Ekaterina e seu marido, o filho de Shamalov. Shamalov disse que sua empresa não comenta sobre assuntos particulares.

Ficção e verdade nunca estão distantes no livro de Belkovsky. Quando ele escreve sobre os rumores na virada do século de que Putin estava gravemente doente, ele afirma que certos guarda-costas embriagados do presidente confirmaram a teoria. Eles supostamente disseram a Belkovsky que o presidente ocasionalmente é substituído por um dublê para "esconder suas doenças crônicas e seus problemas de saúde".

Belkovsky diminuiu o tom depois de sua entrevista ao jornal alemão "Die Welt", em 2007, em que acusou Putin de beneficiar-se de investimentos corporativos de bilhões de dólares.

O que o livro de Belkovsky revela não é a verdade sobre o próprio Putin, mas sim sobre o sistema de Putin, onde a informação e a desinformação se fundem. As garantias feitas pelas pessoas no poder não convencem mais uma população desconfiada há muito tempo. É por isso que as teorias da conspiração prosperam, e é por isso que os russos consideram quase tudo possível, não importa o quão louco possa parecer. Belkovsky pode ser considerado um pouco louco ou um manipulador de espírito comercial, cujas "declarações são sempre bem pagas por alguém com antecedência", como disse outro cientista político.
Tradutor: Deborah Weinberg

Nenhum comentário:

Postar um comentário