segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Fabio Zanini

folha de são paulo
Sexo e drogas
SÃO PAULO - A vida tem andado bem mais fácil, nos últimos tempos, para o cliente de drogas do que para seu equivalente no mercado do sexo. Enquanto o fumante de maconha encontra cada vez mais tolerância, dos EUA ao Uruguai, o consumidor de prostituição logo será punido na França (já é na Suécia).
Agências de viagem do Estado do Colorado (EUA) fazem pacotes para receber forasteiros em busca da erva, mas você conhece alguém que defenda a legitimidade do turismo sexual?
Por mais que eu tente, não consigo ver grande diferença entre uma e outra atividade. Ambas são fruto de decisão individual e, na essência, não causam mal a terceiros.
Sim, há o problema do tráfico (de drogas ou de mulheres), mas é de se supor que a legalização plena das atividades corte a necessidade de redes de intermediários e, assim, diminua bastante o espaço para a criminalidade. Curiosamente, esse argumento é plenamente aceito hoje para os abolicionistas da maconha, mas não no caso da prostituição.
Ao Estado, deveria caber apenas fiscalizar abusos. Prostituição de menores tem de permanecer uma linha vermelha, certamente. Só é difícil aceitar que alguém com mais de 18 anos que queira vender seu corpo sofra constrangimento.
Delimitar áreas para que eu não trombe com uma prostituta na calçada de casa pode ser estudado. Irreal? Talvez. Estatizar maconha também é um passo de sucesso incerto e, no entanto, está sendo tentado.
No Brasil, prostituir-se em si não é crime, mas todo o necessário para essa indústria é: manter prostíbulos, por exemplo. Por que o Estado deve interferir na relação de trabalho de uma prostituta com um agente, se for com base em contrato feito às claras?
Pode-se dizer que se drogar ou pagar por sexo estão longe de ser as atividades mais nobres da espécie humana. Há bons argumentos inclusive para associá-las a uma vida vazia, triste. Mas deixem em paz o sujeito que escolhe vivê-la.

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