terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Serra anuncia que não é candidato à Presidência

folha de são paulo
Ele disse que o PSDB deve formalizar nome de Aécio Neves 'sem demora'
Há semanas, dirigentes da sigla, como FHC, pedem a antecipação do anúncio da candidatura do senador mineiro
DE SÃO PAULOIsolado dentro de seu próprio partido, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) anunciou ontem seu afastamento da corrida presidencial de 2014.
Em texto postado no Facebook, o tucano disse que os dirigentes do PSDB devem formalizar "sem demora" o nome do senador Aécio Neves (MG), presidente da sigla, como candidato ao Planalto.
"Como a maioria dos dirigentes do partido acha conveniente formalizar o quanto antes o nome de Aécio Neves para concorrer à Presidência da República, devem fazê-lo sem demora. Agradeço a todos aqueles que têm manifestado o desejo, pessoalmente ou por intermédio de pesquisas, de que eu concorra novamente", escreveu Serra.
Foi a segunda vez que o ex-governador divulgou uma decisão via rede social. No início de outubro, ele usou seus perfis no Facebook e no Twitter para dizer que permaneceria no PSDB.
Segundo interlocutores, Serra percebeu que havia muita pressão entre os dirigentes do partido, principalmente do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para a antecipação da candidatura de Aécio.
Ele resolveu anunciar publicamente a desistência após conversar com os amigos mais próximos.
"Foi um reconhecimento de que a posição majoritária do PSDB é de apoio a Aécio", disse o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman.
Ainda de acordo com aliados de Serra, Aécio não foi avisado previamente sobre o gesto. "É uma decisão generosa, de unidade partidária e que foi unilateral", diz o deputado Jutahy Junior (PSDB-BA), um dos principais aliados do ex-governador.
ACORDO
Serra e Aécio firmaram acordo para que a oficialização da candidatura tucana só fosse feita em março. Até lá, ambos poderiam seguir com agendas próprias de pré-candidato.
Nas últimas semanas, porém, diversos dirigentes do PSDB passaram a defender uma antecipação do anúncio da candidatura do mineiro.
No início de novembro, Fernando Henrique se reuniu com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e com o próprio Aécio no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual paulista, para reavaliar o cronograma eleitoral do partido.
À época, os tucanos acreditavam que as intensas movimentações de Serra, que viajava para recolocar seu nome à disposição para a disputa de 2014, estava incomodando a bancada do PSDB na Câmara dos Deputados.
O líder do partido na Casa, deputado Carlos Sampaio (SP), disse à época que a indefinição da candidatura "tirava a capacidade de articulação política de Aécio".
FUTURO
Serra avalia ainda se vale a pena sair candidato ao Senado ou à Câmara dos Deputados no ano que vem.
"É um excelente candidato para qualquer outra posição. Cabe a ele decidir", disse o presidente do PSDB-SP, deputado Duarte Nogueria.
Nas pesquisas para a Presidência, Serra apresenta um desempenho ligeiramente melhor que o de Aécio. Sua taxa de rejeição, porém, também é maior.
    Esboço do programa de Aécio acena para agronegócio
    DE SÃO PAULOO senador Aécio Neves (PSDB-MG) usará o primeiro esboço de sua plataforma de governo, que será apresentado hoje em Brasília, para fazer um aceno ao segmento do agronegócio.
    Composto por 12 itens, o documento está dividido em três eixos básicos: confiança, cidadania e prosperidade.
    Tradicionalmente aliado dos tucanos, o agronegócio é tema no eixo "prosperidade", em que o senador tucano defende "gestão técnica" e "livre do aparelhamento político" para o setor.
    Provável candidato do PSDB à Presidência em 2014, Aécio diz que a atividade deve ser tratada com mais atenção pelo Estado, com políticas e pesquisas públicas coordenadas pelo Ministério da Agricultura.
    Segundo interlocutores, o aceno mais enfático ao agronegócio deve-se ao assédio frente ao setor do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que deve ser um dos principais adversários de Aécio nas eleições do próximo ano.
    Outro aceno é aos participantes dos protestos de junho. O direito a serviços de qualidade na educação, na saúde, no transporte e na segurança é tema do eixo "cidadania", com reivindicações pela melhoria do SUS (Sistema Único de Saúde).
    Fala também na criação de uma Lei de Responsabilidade Educacional, com metas de gastos e pagamento de bônus a professores e diretores de escola de acordo com desempenho.
    Para a segurança, a proposta é criar uma política nacional de segurança pública que, segundo o mineiro, não existe hoje no Brasil.
    FEDERALISMO
    O pacto federativo para fortalecer Estados e municípios, uma das principais bandeiras de Aécio, é um dos destaques do texto.
    Para o tucano, a União concentra a maior parte das riquezas do país enquanto sobra para Estados e municípios a responsabilidade de resolver problemas.
    A inclusão desse ponto foi acertada em conversas entre Aécio e Eduardo Campos (PSB). Em documento lançado em novembro pelo socialista e sua colega de chapa, a ex-senadora Marina Silva, o rearranjo federativo foi citado genericamente.
    O documento do PSDB estará disponível na internet, no site "Conversa com brasileiros", para consulta pública antes de ser submetido à Executiva Nacional do partido, o que deve ocorrer no início do ano que vem.

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