quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Ruy Castro

folha de são paulo
Neblina e sombras
RIO DE JANEIRO - Woody Allen de novo na berlinda. Sua filha adotiva Dylan, revoltada com a indicação ao Oscar de "Blue Jasmine", novo filme de Woody, escreveu carta ao "New York Times" detalhando os alegados abusos sexuais que teria sofrido dele aos sete anos, em 1992. A carta seria também uma resposta ao incisivo artigo do cineasta Robert Weide em defesa de Allen, publicado há dias no site de notícias "The Daily Beast".
A volta do assunto ao noticiário, 21 anos depois do escândalo, se deve a tuítes irônicos de Mia Farrow, sua ex-mulher, e do filho de ambos, Ronan, durante a recente transmissão de entrega de um prêmio de cinema para Woody. Os tuítes provocaram uma enchente de comentários que dão de barato sua culpa, embora nada jamais tenha sido provado contra ele. Como a carta de Dylan será muito mais lida que o artigo de Weide, eis alguns pontos enfatizados pelo defensor de Woody.
A junta médica que examinou Dylan na época atestou que ela não foi molestada. Woody nem sequer foi acusado. Um vídeo em que a menina responde a perguntas de Mia parece ter sido editado de modo a incriminar Woody. A babá de Dylan, para quem Woody era inocente, declarou em juízo que Mia tentou forçá-la a depor contra ele. Aos médicos que a interrogaram, Dylan deu respostas contraditórias com intervalos de dias --como se tivesse sido instruída entre um depoimento e outro.
Mas, na carta ao "Times", Dylan foi mais objetiva. Contou como era levada por Woody ao sótão da casa de Mia em Connecticut e ele se deitava com ela, embora sem tocá-la sexualmente. A acusação é grave, e o caso não vai parar por aí.
Caso ainda com mais neblina e sombras do que luz. Um irmão de Mia, John Charles Farrow, acaba de ser condenado a dez anos de prisão por sucessivos casos de pedofilia. Até agora não se pronunciou a respeito.

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