quarta-feira, 5 de março de 2014

Cinzas ucranianas - Renato Andrade

folha de são paulo
RENATO ANDRADE
Cinzas ucranianas
BRASÍLIA - A crise na Ucrânia pode gerar um efeito deletério para o processo lento e gradual de recuperação da economia global.
Por mais remotas que sejam as chances de um conflito armado na ex-república soviética --neste momento--, os mercados financeiros tendem a agir de forma destemperada em situações onde a incerteza é a única coisa à vista.
Ainda que o presidente russo Vladimir Putin tenha colocado o uso de força militar como último recurso, é difícil vislumbrar a dissipação da crise ucraniana no curto prazo.
É exatamente esse tipo de (má) notícia que a economia do planeta não precisava receber agora.
Sem saber se estamos diante da iminência de uma nova guerra ou do início de um conturbado e longo ciclo de ameaças de sanções e retaliações entre potências econômicas, os mercados acabam ligando o modo "montanha-russa" de operação.
Na segunda, as bolsas de valores tombaram pelo mundo, moedas como o rublo russo se desvalorizaram e o petróleo ficou mais caro. Tudo por conta da troca de farpas entre Washington e Moscou. Ontem, depois da fala de Putin, parte do prejuízo da véspera foi revertido.
E o que uma confusão na Ucrânia tem a ver com a economia brasileira? Infelizmente, muita coisa.
Uma onda de enfraquecimento da economia europeia, por exemplo, gera efeitos sobre nossa balança comercial. A Europa absorveu 20% das exportações nacionais no ano passado.
O prolongamento da crise também pode fazer com que investidores "nervosinhos" --como diz o ministro Guido Mantega-- troquem parte de suas aplicações em economias emergentes e mais arriscadas, por locais mais "seguros", como os EUA.
Por conta do Carnaval, a bolsa brasileira, que acumula quatro meses de perdas, não participou do vaivém financeiro do início da semana.
A Quarta-Feira de Cinzas pode ser bem animada por aqui.

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