quarta-feira, 5 de março de 2014

Joan Baez volta 33 anos após show vetado

folha de são paulo
MÚSICA
Joan Baez volta 33 anos após show vetado
Proibida pela ditadura de tocar no país, cantora e compositora americana agora passa por Rio, SP e Porto Alegre
Artista que ficou famosa pelas canções de protesto diz que gosta de ouvir Mumford & Sons e os Gipsy Kings
FABIAN CHACURCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Mais de 30 anos depois daquele que seria seu primeiro show no Brasil, a norte-americana Joan Baez, uma das mais influentes artistas da música folk, enfim faz apresentações completas no país, neste mês, passando por São Paulo, Porto Alegre e Rio.
Em 1981, durante a ditadura, a cantora e compositora subiu ao palco em São Paulo para avisar que não poderia fazer o show, proibido minutos antes pela Polícia Federal. Acabou cantando duas músicas da janela do teatro, para o público na rua, à capela. O show no Rio também foi vetado.
"No fim, foi feito um documentário ["There But for Fortune: Joan Baez in Latin America", exibido em 1982 na TV americana], que acabou ficando mais interessante do que teriam sido os shows", diz a cantora à Folha. Numa das cenas, ela aparece tomando cerveja em São Paulo com o então líder sindical Lula.
Agora, a artista que se tornou a principal voz das canções de protesto americanas nos anos 1960 promete standards "não necessariamente" do seu repertório, músicas já conhecidas em sua interpretação e algumas de seus álbuns mais recentes. Será acompanhada por dois músicos, que se revezarão em violões, teclados e violinos.
Sem interesse por redes sociais, Baez diz que é sobre o palco que procura estreitar os laços com os admiradores.
"Nos shows, tento quebrar as barreiras entre público e eu, para que fiquemos mais próximos", diz a artista, conhecida por interpretar canções do ex-namorado Bob Dylan --foi ela quem o apresentou ao grande público, em 1962-- e outras próprias, como "Diamond and Rust".
Aos 73, a cantora, sempre envolvida em questões de direitos humanos, continua ativa, com agenda cheia, participando de trabalhos alheios e gravando discos como os elogiados "Dark Chords On a Big Guitar" (2003) e "Day After Tomorrow" (2008).
"Faço meditação, me alimento bem, não uso drogas, sou disciplinada e procuro me cuidar. As cordas vocais são um músculo, e procuro mantê-las sempre muito bem treinadas", diz, sobre a disposição para enfrentar os palcos por mais de meio século.
INFLUÊNCIA
Baez diz ter sentido profundamente a morte do cantor, compositor e ativista político Pete Seeger, em janeiro, aos 94 anos.
"We Shall Overcome', que ele ajudou a popularizar, é uma música conhecida no mundo todo. Admiro muito sua obra, que me influenciou como artista", comenta.
Das novas gerações, afirma ser fã do grupo britânico Mumford & Sons e diz ouvir música "conforme o meu estado de espírito".
"Vario sempre. O único grupo que faço questão de ouvir todos os dias são os Gipsy Kings, que adoro".
Quanto aos planos para o futuro, tem muitas apresentações em vista, mas, há cinco anos sem lançar nenhum disco, diz ainda não pensar em produzir um novo álbum.
"Só gravo algo novo quando vejo que é a hora certa, e com os produtores e compositores certos. Tenho sorte, pois sempre soube escolher bem o meu repertório".

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