sábado, 18 de janeiro de 2014

Xico Sá

folha de são paulo
Mulher odeia o 'chupa'
O grito é recente, mas já lidera a tabela do ódio feminino de babaquices masculinas ao ver futiba
Amigo torcedor, amigo secador, sabe o que as mulheres mais odeiam que um homem faça quando vê uma partida de futebol? Adivinha. Entrego: gritar um retumbante "chupa" na janela.
O tal grito selvagem é coisa recente no comportamento do macho ludopédico, mas já ultrapassa, na tabela do ódio feminino, qualquer outra babaquice masculina, como o foguetório, o buzinaço nas ruas ou a obsessão por mesas redondas --estas cúpulas de homens enervados que parecem discutir o futuro da humanidade.
Com 37%, o"chupa", camarada, é o gesto mais desprezível de um homem fanático, segundo a pesquisa "Como torce o brasileiro", publicada na última edição da revista "VIP". Soltar fogos para comemorar vem em segundo, com 32%; colocar o hino no clube para estourar os tímpanos fica em terceiro, na marca de 27%; na sequência, empatado com 24%, assoprar buzinas ou vuvuzelas e atormentar a cidade com o festim das buzinas.
Por estas e por outras é que as mulheres são mesmo seres superiores. O "chupa" é odiado inclusive pelas que amam incondicionalmente o futiba. Já tive prova disso lá em casa. O famigerado grito não pega bem mesmo. Como sou, assumidamente, um populista do amor, evito a todo custo desagradá-las.
O dado que mais me surpreendeu na pesquisa é que apenas 13% das meninas reclamam que o companheiro dá mais atenção ao futebol do que para elas. Sinto a grita mais elevada entre minhas colegas de trabalho. Defendo, desavergonhadamente, que homem que é homem deve dividir seu coração em três partes iguais: um terço é materno, um terço para a mulher amada e um terço para a ilusão futebolística.
Agora, pasme, segundo o levantamento da "VIP", o Corinthians, com 31%, é o time mais odiado pelo conjunto geral das mulheres. Deve ser pelo barulho que provoca em São Paulo. Mal sabem que as moças corintianas, como a minha amiga Michelli Provensi, por exemplo, provocam mais estrondo do que uma legião de machos juntos.
O Flamengo, muito abaixo, com 13%, é o vice-campeão em desprezo das fêmeas, com o São Paulo em quarto, 10%.
É tão importante para o macho a coincidência de time que quase 50% dos homens estão com parceiras que vestem as mesmas cores. Sinceramente não ligo para isso. O parâmetro da minha geração era que ela não fosse "malufista" (rs). Caíram tantos muros morais de Berlin-1989 por diante e tantos homens sujaram as mãos depois, meu caro, que ficou difícil ajustar o critério. Fala sério.
O importante é amar as mulheres e evitar o "chupa" pelo menos nos primeiros meses de relacionamento. Vale tudo para impressioná-la. Sempre.
Ou você tem outro motivo para estar vagando no mundo perdido?

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